Quais as semelhanças e diferenças entre a pneumonia comum e a causada por covid-19?

A pneumonia é uma das complicações mais frequentes nos casos mais graves de Covid-19. Mas, apesar de guardar semelhanças com a pneumonia clássica, ela apresenta características diferentes e que demandam mais cuidado. 

Leia a entrevista e compartilhe conhecimento.

1 – Quais os agentes causadores da Covid-19 e da pneumonia clássica? Quais as semelhanças entre essas doenças?

O agente da Covid-19 é coronavírus 2 (SARS-CoV-2) e a pneumonia pode ocorrer quando se é contaminado por ele, o que nem sempre ocorre. Já a pneumonia clássica, que podemos chamar de pneumonia adquirida na comunidade, tem como causa mais comum a bactéria pneumococo, além de outros vírus e outras bactérias.

Em ambos os casos, o quadro de pneumonia pode ser precedido por sintomas na vias aéreas superiores, como congestão e secreção nasal, dor de cabeça e tosse (seca ou produtiva), com características diferentes a depender da doença. A febre também é comum e tem cursos, evolução e complicações distintas, conforme cada uma.

2 – E as diferenças entre elas?

As diferenças estão na evolução dos sintomas, nas complicações e nas características dos exames complementares solicitados (laboratoriais e de imagem).

Cerca de 20% dos casos de Covid-19 complicam para síndrome respiratória aguda grave e/ou complicações de coagulação. Há possibilidade também de complicações neurológicas e cardíacas.

A pneumonia clássica, especialmente a provocada por pneumococo, evolui muito raramente para insuficiência respiratória, pois tem tratamento específico com antibióticos e vacinação. Já a pneumonia por influenza tem tratamento antiviral e, igualmente, vacina, que deve ser administrada anualmente.

3 – Quando a Covid-19 provoca um quadro de pneumonia, ela é diferente de outros tipos de pneumonia? Como? Por quê?

Sim. Além de ter alta transmissibilidade, o curso clínico da Covid-19 é mais arrastado e com sintomas diferentes: a tosse seca (pouco produtiva) e a febre persistente e associada à falta de ar são sinais de alerta.

Enquanto a Covid-19, nos exames de imagem, acomete mais a periferia e os terços inferiores dos pulmões, dando uma imagem semelhante a vidro despolido, a pneumonia bacteriana clássica promove consolidação com o desenho dos brônquios, acometendo um lobo ou mais. O quadro laboratorial também tem algumas características diferentes, como marcadores não específicos de inflamação chamados PCR , D-dímero e a diminuição de leucócitos e/ou linfócitos no sangue.

As complicações hematológicas podem incluir tendência à trombose e demandar o uso de anticoagulantes com dose para tratamento. Alguns pacientes têm complicações neurológicas, como a diminuição do olfato, e cardiológicas, como a miocardite.

4 – Que sintomas devem provocar a ida do paciente ao hospital? Quando procurar ajuda?

O paciente deve ter auxílio de serviço médico até mesmo à distância quando houver sintomas de mal-estar, prostração, dor muscular, perda do apetite, do olfato, tosse e febre.

Na persistência da febre associada à tosse e falta de ar, é preciso procurar a Emergência hospitalar para atendimento clínico e realização de exames laboratoriais e de imagem do tórax. Aqueles que conseguem ser monitorados em casa com oxímetro de pulso também devem procurar o hospital caso a oxigenação se mantenha menor que 94%.

5 – Como se dá o diagnóstico para diferenciar os quadros e ter certeza da doença que o paciente apresenta?

Com avaliação clínica, laboratorial (com pesquisa do PCR-RT viral para Covid-19) e exames de sangue. Pode-se realizar também o painel viral simplificado ou estendido para outros vírus.

Exames de imagem do tórax, principalmente a tomografia, podem mostrar características típicas da pneumonia por Covid-19 ou de outros agentes, ajudando no diagnóstico diferencial e na identificação da evolução e gravidade da doença.

6 – Os tratamentos para essas duas doenças são similares?

Não, são muito distintos. Para a pneumonia adquirida na comunidade, mais comumente bacteriana, existe antibiótico específico. Temos também vacina dada em 3 doses, com intervalos de 6 a 12 meses e 5 anos, respectivamente.

Por ora, ainda não está definido tratamento específico para Covid-19, apesar de vários medicamentos em estudo e testados nas diferentes formas de apresentação da doença: leve, moderada ou grave. Esperamos, em breve, uma definição do tratamento específico.

Por ora, o tratamento na doença mais leve é a quarentena por pelo menos 14 dias ou até 72 horas do término dos sintomas e da febre com medicação sintomática, analgésicos e antitérmicos, boa hidratação e alimentação. O ideal seria ter 2 testes de PCR-RT viral negativos para saída da quarentena.

Se o paciente necessita de internação e apresenta complicações como insuficiência respiratória, o tratamento inclui oxigenoterapia e suporte ventilatório invasivo ou não invasivo em terapia intensiva, além de anticoagulação plena em casos graves específicos. Foram testadas drogas antivirais usadas em outras viroses, como o HIV; cloroquina; antibióticos como a azitromicina; medicação biológica; e anti-interleucina-6 (como tocilizumabe), usada em pacientes com doença reumatológica, porém todos sem evidência científica confirmada. Ainda está em teste o tratamento com soro convalescente.

Fonte: santalucia.com.br

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