Terapias alternativas

Mitos e verdades sobre estrias

por Ricardo Bastos

Para quem não consegue se acostumar às estrias, atualmente existem diversos procedimentos que podem amenizar e até sumir com elas, como peeling, laser, ozonioterapia, entre outros.

Ao longo da vida nossos corpos passam por diversas transformações inerentes ao crescimento, vivências e envelhecimento. Machucados, arranhões, cirurgias, queimaduras de sol, gravidez, entre diversos outros acontecimentos que podem deixar marcas na pele, incluindo as estrias.

Na era do movimento body positive, as temidas marquinhas passaram a ser motivo de orgulho para muitas pessoas, mas ainda assim são temidas por grande parte de homens e mulheres, uma vez que podem provocar problemas na autoestima e na relação com o corpo.

Mas afinal, o que são as temidas estrias? “Nada mais é do que o rompimento das fibras de colágeno e elastina na camada superficial da pele, provocando uma cicatriz”, explica a enfermeira esteta e diretora da Clínica Chiquetá, Mariane De Chiara. 

Vale ressaltar que são inofensivas à saúde e podem ser provocadas por diversos fatores, como aumento repentino do peso, aumento de massa muscular, alimentação desequilibrada, gravidez, falta de hidratação adequada, obesidade, implantes mamários, predisposição genética, uso prolongado de corticoides, entre outros. 

Podem ser classificadas como vermelhas ou rosadas, quando a pele ainda está sofrendo processo inflamatório do rompimento da fibra e que são mais fáceis de tratar, ou brancas, característica de estrias mais antigas e que geralmente melhoram de aspecto com tratamentos estéticos, mas que dificilmente desaparecem.

Por ser muito comum, existem diversas crenças sobre o que provoca as temidas estrias. A especialista lista alguns mitos e verdades sobre o assunto. Confira:

Mitos:

  • Só aparece em mulheres;
  • Dá para eliminar totalmente as estrias brancas;
  • Hidratar a pele não previne as estrias.

Verdades:

  • Se a pele se estica muito, a estria aparece;
  • Estrias vermelhas são mais fáceis de tratar;
  • Hormônios têm papel fundamental em relação as estrias

Para quem não consegue se acostumar às estrias, atualmente existem diversos procedimentos que podem amenizar e até sumir com elas, como peeling, laser, ozonioterapia, entre outros. “É importante ressaltar que é essencial buscar um profissional capacitado para realizar uma avaliação para saber qual procedimento é mais indicado para cada situação”, acrescenta Mariane.

Sobre a especialista: Mariane De Chiara é formada em enfermagem, com experiência no setor público de saúde. Com especialidade voltada a Estética fundou a Clínica Chiquetá em 2012, no ABC Paulista.

A acupuntura é uma técnica da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que trata problemas de saúde por meio de agulhas que são inseridas no corpo ou estimulando o pavilhão auricular, sendo inclusive uma prática que integra o Sistema Único de Saúde (SUS). A maior parte das pessoas não sabe, mas a acupuntura também ajuda na vida sexual e pode trazer excelentes resultados no controle da libido, dificuldades de ereção, disfunções do assoalho pélvico, entre outros problemas.

“A medicina chinesa tem muito a oferecer em questões relacionadas ao sexo. Principalmente do universo masculino, um universo que ainda tem muito preconceito, dúvida, vergonha em relação ao tratamento”, afirma a acupunturista Karen Klocker, do Plunes Centro Médico, de Curitiba (PR).

A acupuntura se baseia na integralidade do paciente, ou seja, analisa todo o contexto para o problema e com isso define a estratégia de tratamento. Os casos de disfunção erétil geralmente apresentam alguma dificuldade psicológica e a acupuntura é capaz de equilibrar o organismo também nesta parte. “Estudos mostram uma incidência de até 5% de disfunção erétil nos homens de 40 anos e até 25% nos de 65 anos. Mas formas específicas de manipulação das agulhas da acupuntura podem liberar neurotransmissores que vão impactar positivamente na ereção”, conta a especialista.

Em casos de aumento ou diminuição da libido, a acupuntura pode trabalhar o estresse e a ansiedade por meio de pontos específicos. “Ambas as técnicas possuem efeitos terapêuticos bioquímicos fazendo a liberação de opióides endógenos produzidos pelo corpo humano, onde são amplamente distribuídos por todo sistema nervoso central. Por isso, possui uma ação anti-inflamatória, analgésica, relaxante, imunomoduladora e ansiolítica”, diz.  

Problemas do assoalho pélvico podem ser tratados com fisioterapia e até mesmo cirurgia, porém a medicina chinesa também é uma forma de tratamento, uma vez que a micção e a incontinência urinária estão sob coordenação do sistema nervoso. “A perda de urina ou fezes, seja por exercícios físicos, espirros ou de forma involuntária, podem ser tratados com estímulos via agulhas ou sementes. Alguns pontos, por exemplo, tonificam alguns órgãos, contribuindo para o controle da bexiga”, finaliza Klocker.

Nos últimos tempos, devido a pandemia do novo coronavírus, surgiram novas situações que não eram esperadas e, com isso, as pessoas precisaram se reinventar em vários aspectos, principalmente on-line.

O trabalho, para uma grande parcela, passou a ser home office e o ensino escolar, à distância, gerando uma maior convivência dos cônjuges, deixando crianças e adolescentes tempo integral em casa. Fora o aumento considerável de serviços domésticos, a adoção de protocolos rígidos de proteção e o distanciamento de familiares, amigos e colegas de trabalho.

Essa relação de convivência extrema em casa e a falta de contato com outras pessoas está gerando muito estresse e ansiedade nos lares, acarretando uma necessidade muito grande de terapia familiar e, por que não, terapia holística ao invés da tradicional psicoterapia?

Por meio de métodos associados da medicina integrativa é possível tratar sintomas como estresse, insegurança, dores,  entre outros. Por exemplo, o uso da homeopatia somada à acupuntura no tratamento. “Algumas famílias simplesmente se distanciaram por questões de proteção ao vírus, outras passaram a coabitar muito mais tempo com as pessoas que dividem o mesmo espaço. Tudo isso somado a alta pressão no trabalho, insegurança financeira, falta de previsibilidade e vários medos associados, seja de perder um ente querido, de pegar a COVID-19 ou mesmo perder seu patrimônio. Isso acabou causando um alto índice de rupturas relacionais, separações, divórcios, conflitos e impasses constantes”, explica Natália Lima.

Natália Lima, Terapeuta Holística fala sobre os benefícios da terapia holística para o equilíbrio familiar durante a quarentena

Baseado nesse cenário, Natália tem atendido cada vez mais famílias para um tratamento sistêmico. “Embora os membros da família cheguem juntos ao Espaço, os atendimentos são individuais, pois cada um tem o seu próprio motivador de estresse. Assim, é possível identificar as reais causas de cada pessoa e, por meio de remédios homeopáticos e fitoterápicos, cada indivíduo é receitado com um plano específico de tratamento”,  diz Lima.

O ponto crucial é que as emoções definem o estado de saúde, tanto físico, quanto mental e, diante de todas essas circunstâncias, passaram a ser mais percebidas, ressaltadas e exaltadas, convergindo para os impasses pessoais, afetando o bem-estar. Isso porque, os problemas vividos pelo casal, acabam conflitando com as necessidades e expectativas dos filhos e todos entram no ciclo de estresse que prejudica as relações.

“Em uma relação pessoal, a máxima ‘quando um não quer, dois não brigam’ é uma verdade, por isso, o tratamento sob uma ótica familiar tem ganhado cada vez mais espaço dentre as terapias alternativas”, conclui a terapeuta holística.

 

Com tantas alternativas no mercado, é comum haver desconfiança sobre o que realmente pode amenizar os sintomas mais clássicos da TPM. Mas a busca pelo alívio do quadro tem um grande aliado de composição totalmente natural: o óleo essencial de prímula. Segundo a nutricionista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Isadora Kaba, o nutracêutico contém propriedades anti-inflamatórias, antiagregantes plaquetárias e antioxidantes.

Óleo de prímula pode ser usado para cuidar da pele, pressão arterial, sintomas da menopausa, saúde do coração e TPM

 
A eficácia do óleo pode ser percebida em sua capacidade de redução da irritabilidade, dos inchaços abdominais, das dores de cabeça, nas mamas e no corpo em geral. O óleo atua até mesmo amenizando quadros de edema e de ganho de peso relacionado ao período. Todos esses benefícios têm uma explicação científica, como conta a nutricionista. “Ao ser absorvido pelo intestino, o ácido graxo linoleico que está presente no óleo de prímula é convertido em ácido gama linolênico (GLA), dando origem a substâncias anti-inflamatórias que auxiliam na suavização dos sintomas”, comenta.
 
Apesar dos nomes complicados, a especialista explica que essa conversão é essencial para regular algumas funções do organismo como uma eventual resposta exagerada do hormônio prolactina, que acaba piorando os sintomas da TPM. “Além disso, o óleo atua com efeito regulador a outros hormônios, como estrógeno e progesterona, e na liberação de neurotransmissores cerebrais”, complementa Isadora Kaba. 
 
Mas como e quanto ingerir para alcançar benefícios à saúde?
 
Segundo a nutricionista, o indicado é consumir duas cápsulas de 500mg ao dia, após refeições que tenham algum teor de gordura para garantir melhor absorção. Apesar de não existir toxidade, ocasionalmente podem ser observados distúrbios digestivos, como náuseas, perda da consistência das fezes, dispepsia e cefaleia. Em altas doses, o óleo pode provocar cólicas intestinais. 
 
Quem não deve tomar?
 
O óleo é contraindicado para pacientes esquizofrênicos que usam neurolépticos como fenotiazina, pacientes que usam anticonvulsivantes, pacientes que usam antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes e também para gestantes. 
 

Fitoterápicos, acupuntura, dieta e fisioterapia são aliados no combate à doença

A endometriose, doença que atinge cerca de 15% da mulheres em idade fértil, ainda não tem cura, mas tem tratamento — inclusive sem medicamento. Embora os remédios inibam no ovário a produção do hormônio estrógeno, associado ao desenvolvimento da endometriose, isso às vezes é suficiente. “O tratamento nem sempre funciona porque o estrógeno também é produzido pelo tecido gorduroso, não somente pelo ovário”, afirma o ginecologista Eduardo Schor, professor afiliado e chefe do setor de endometriose da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes e pobre em gorduras, favorece o tratamento. Quem tem a doença deve também excluir alimentos industrializados e com alta quantidade de conservantes e hormônios de crescimento para sua produção.

A fitoterapia complementa a terapia clássica. Num estudo da Unifesp e da Universidade Federal do Maranhão, o consumo de um fitoterápico à base da planta unha-de-gato reduziu em 60% as lesões causadas pela endometriose em roedoras. De acordo com Schor, a unha-de-gato parece diminuir o processo inflamatório decorrentes da endometriose na região pélvica. Ainda não sabe, porém, se a unha-de-gato pode auxiliar mulheres com dificuldade para engravidar.

Mudança no estilo de vida é outro segredo para um tratamento de sucesso, uma vez que estudos demonstram a relação entre elevados níveis de stress e endometriose. Para quem se enquadra nesse perfil, o exercício físico é um aliado: ele aumenta a imunidade, promove emagrecimento e gera sensação de bem estar. Ademais, diminui a produção de estrógeno circulante, melhorando os focos de endometriose.

Acupuntura e fisioterapia se somam no combate à enfermidade. A técnica chinesa das agulhas suaviza o stress e a dor. Já a fisioterapia ameniza cólicas menstruais, tensão muscular e fadiga, sintomas da doença. “Os exercícios orientados por um fisioterapeuta podem melhorar a mobilidade pélvica e a percepção corporal, prevenindo as contraturas musculares”, diz Schor.

A nutricionista Simone Getz possui ampla experiência no atendimento nutricional à Saúde da Mulher e fala sobre a influência e a importância da alimentação para as mulheres com endometriose, confira o vídeo: 

 Fonte: revistawomenshealth.abril.com.br

Uma maioria simples dos 53 Estados da Comissão de Estupefacientes decidiu retirar a canábis e a sua resina da Lista IV da Convenção sobre Drogas de 1961, reconhecendo a utilidade médica desta planta.

A ONU reconheceu as propriedades medicinais da canábis numa votação realizada esta quarta-feira em Viena pela Comissão de Estupefacientes, o órgão executivo sobre política de drogas das Nações Unidas.

Uma maioria simples dos 53 Estados da Comissão de Estupefacientes decidiu retirar a canábis e a sua resina da Lista IV da Convenção sobre Drogas de 1961, o que significa que a utilidade médica desta planta passa a ser oficialmente reconhecida.

O uso recreativo continuará a ser proibido pelo direito internacional, adianta a agência de notícias espanhola Efe.

Quase todos os Estados da União Europeia, à exceção da Hungria, e muitos estados da América representaram maioria simples de 27 votos para aprovar a mudança, uma das mais importantes em matéria de drogas nas últimas décadas, enquanto a maioria dos países da Ásia e de África se opôs, segundo a Efe.

 

Dois terços dos brasileiros (67%) acreditam que as terapias alternativas são importantes para curar o câncer, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica realizado em julho desse ano e divulgado nesta terça-feira (24), no Rio de Janeiro. A pesquisa também mostra que 26% acreditam que apenas a estimulação do próprio corpo aumenta as chances de cura, como o uso de terapias de transferência de energia com as mãos.
 
Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Cláudio Ferrari, diretor da entidade, apresentam estudo — Foto: Monique Oliveira/G1

Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e Cláudio Ferrari, diretor da entidade, apresentam estudo — Foto: Monique Oliveira/G1

A entidade entrevistou 1,5 mil pessoas nos 26 estados do Brasil e no Distrito Federal com o objetivo de investigar o conhecimento, os hábitos, e estilo de vida dos brasileiros em relação ao câncer.

Sobre a crença nas terapias alternativas, especialistas ligados à entidade se dividem entre a resignação e a preocupação em relação ao dado – enquanto acreditam que a informação é importante e que é preciso fortalecer a ciência, também dizem que de nada adianta ter uma postura de enfrentamento em relação à fé.

“Os dados mostram uma tendência ao risco e uma predileção por escolhas não científicas”, diz Cláudio Ferrari, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

“Entendemos que pode ser que a pessoa fique mais feliz, mas isso não pode justificar o abandono de terapias comprovadamente eficazes”.

leia mais: g1.globo.com

fonte: G1

O que é BodyTalk

Relativamente nova, a BodyTalk é uma terapia não invasiva que busca entender a linguagem do corpo a partir da sabedoria ou inteligência inata – uma inteligência que regula todas as funções de cada ser humano, capacitando o poder que o corpo tem de autocura física, mental e energética. A técnica não é relacionada à nenhuma religião.

Revelado para o mundo em 1995, pelo australiano John Veltheim, o método parte do princípio de que se o corpo e a mente estiverem em profunda comunicação e harmonia, há saúde; mas a partir do momento em que o indivíduo começa a expressar sintomas ou doenças, é porque existe um problema comunicacional entre esses dois aspectos do ser.

Então, segundo o terapeuta e instrutor no sistema BodyTalk, Márcio Bley Ribeiro, esta terapia busca descobrir quais fatores perderam comunicação entre si e como podem ser restabelecidos, ajudando o paciente a retornar ao estado de boa saúde através do trabalho no âmbito físico, mental e energético.

“Uma dor em uma área no corpo pode não ser somente uma dor. Pode ter origem no campo emocional, um trauma, um padrão que se repete”, descreve o terapeuta Luciano Flehr.

Como funciona o BodyTalk

Para conseguir restituir a comunicação entre corpo e mente, é aplicado um teste chamado Biofeedback Neuromuscular, onde o terapeuta vai encostar no braço do paciente para, através de contrações musculares, receber uma resposta simples de “sim” ou “não” a perguntas no protocolo do BodyTalk. “O braço mais tenso é uma resposta negativa, já o braço mais solto é uma resposta positiva”, explica Luciano.

Este processo se baseia no conceito de que o corpo tem todas as informações sobre si mesmo e permite que o profissional detecte circuitos de comunicação que estão comprometidos, assim como em que ordem eles precisam ser restabelecidos.

leia mais: minhavida.com.br

fonte: Minha Vida

Autores: Anderson Donelli da Silveira e Ricardo Stein

INTRODUÇÃO

Desfibrilador implantável subcutâneo, stents com polímeros bioabsorvíveis e implante de valva aórtica transcateter para certos pacientes com estenose aórtica grave, assim como o uso de novos anticoagulantes, são exemplos palpáveis do avanço terapêutico da cardiologia no final desta segunda década do século XXI. Em paralelo, embora recebendo um aporte financeiro infinitamente menor e sem tanta visibilidade nas revistas científicas e nos congressos cardiológicos, intervenções não farmacológicas consideradas “alternativas” também vêm sendo testadas com o objetivo de melhorar desfechos importantes nesses mesmos pacientes. Além disso, na cardiologia, estudos utilizam a meditação, o Tai Chi Chuan (TCC), o ioga e até a risoterapia como tratamento. Nesse cenário, tal atualização clínica tem como objetivos: 1) Fazer com que o leitor dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia tenha acesso a informações sobre as terapias alternativas citadas; 2) Viabilizar, se for do interesse dos envolvidos, a utilização delas no dia a dia profissional; 3) Mostrar que pesquisadores brasileiros estão publicando artigos envolvendo algumas dessas terapias alternativas em periódicos, como os Arquivos Brasileiros de Cardiologia, assim como em revistas internacionais de impacto.

Preâmbulo – Meditação, TCC e ioga

A meditação, o TCC e o ioga são práticas orientais milenares que, nas últimas décadas, se tornaram mais populares e se difundiram no Ocidente. Todas têm em comum o fato de serem encontradas em textos e escrituras antigas, com suas bases e seus fundamentos, por muitas vezes, representando uma área de intersecção entre o “sagrado” e a ciência.

Essas atividades têm em comum a integração entre o corpo e a mente, visando, além dos benefícios físicos e fisiológicos, a uma transformação na visão de mundo em busca de mais felicidade, qualidade de vida e paz interior. Houve um aumento marcado na quantidade de publicações sobre essa temática nas últimas décadas; contudo, são poucos os estudos observacionais e ensaios clínicos randomizados (ECR) bem delineados e sem potenciais vieses ou conflitos de interesse contemplando essas três práticas. Alguns deles serão detalhados a seguir.

Meditação

É uma prática cuja origem data de mais de 5.000 anos e, embora muito associada ao budismo e hinduísmo, está presente na maioria das doutrinas religiosas, incluindo as três grandes religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo).

O termo “meditação” engloba diversas práticas com preceitos semelhantes, que podem ser técnicas com base no budismo (zazen, shamata e vipassana), no ioga (meditação Raja Yoga), na meditação transcedental, na atenção plena (mindfulness) e até mesmo na meditação compassiva (budismo tibetano). Por isso, uma definição adequada da técnica e dos procedimentos é muito importante para replicação de resultados, e sua ausência é um problema metodológico relevante em muitos experimentos que utilizaram a meditação e já foram publicados.

Estudos relatam um efeito modesto da meditação na redução da pressão arterial (PA), na resposta ao estresse, na ansiedade e na cessação do tabagismo.1 A ação sobre a PA é leve, com uma metanálise de 19 estudos mostrando redução de 4 a 5 mmHg na pressão sistólica e de 2 a 4 mmHg na pressão diastólica.2 Numerosos estudos, em populações saudáveis e doentes, exploraram os efeitos da meditação nos resultados psicológicos e psicossociais. Cabe salientar que a maioria deles relata alguma melhora nos níveis de estresse percebido, bem como em humor, ansiedade, depressão, qualidade do sono ou no bem-estar geral.3

Uma análise da Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde restrita a ECR e com controle ativo concluiu, com pouco nível de evidência, que os programas de meditação e de atenção plena mostraram melhoras modestas no estresse, na ansiedade e no afeto negativo.4 Por sua vez, um grupo de pesquisadores do Hospital das Clínicas de São Paulo avaliou, por meio de um ECR, a prática de meditação comparada a um grupo-controle em pacientes com insuficiência cardíaca (IC).5 Foi observada uma redução da ativação simpática nesses indivíduos, bem como melhora na qualidade de vida e aumento da eficiência ventilatória medida pela relação da inclinação do VE/VCO2.

Com base nos dados mencionados, pode-se observar algum benefício da meditação em pacientes com fatores de risco ou com doença cardiovascular já estabelecida. No entanto, muitas lacunas restam a serem preenchidas, como o potencial efeito da prática na função endotelial, na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e na prevenção primária e secundária de diferentes doenças cardiovasculares.

Tai Chi Chuan

É uma arte marcial que tem suas bases na medicina tradicional chinesa e no taoísmo. Seus gestos lentos e ritmados visam interligar os movimentos das partes superior e inferior do corpo de maneira sincrônica, fluida, com continuidade e sem quebras, buscando a quietude dentro do próprio movimento. Apesar de lentos e aparentemente de fácil execução, os movimentos do TCC funcionam, para muitos pacientes, como um tipo de exercício físico estruturado.

Estudos demonstram efeitos benéficos da sua prática tanto em aspectos físicos quanto mentais, destacando-se: redução de estresse, depressão e ansiedade; aumento da capacidade funcional; redução da PA e melhora no perfil lipídico.6,7 Além disso, estudos em idosos evidenciaram melhora importante no equilíbrio, redução do risco de quedas, diminuição de dores musculares e articulares, melhora na osteoporose e até mesmo aumento ou manutenção do desempenho cognitivo.6

Devido a uma lacuna científica avaliando o impacto da prática do TCC em pacientes com doença arterial coronariana (DAC),8 o grupo de pesquisa em cardiologia do exercício do Hospital de Clínicas de Porto Alegre estudou o seu efeito em 61 pacientes pós-infarto agudo do miocárdio (IAM).9 Eles foram randomizados para a prática de TCC durante 60 minutos, três vezes por semana, ou para alongamento (grupo-controle). Após 12 semanas de treinamento, o grupo que realizou TCC apresentou melhora significativa no consumo de oxigênio de pico (14% = 3,1 mL.kg-1min-1), enquanto o grupo alongamento não apresentou melhora. Efeitos semelhantes foram encontrados em alguns estudos em pacientes com IC, o que comprova que essa prática pode impactar positivamente no incremento da capacidade funcional.

Ioga

A última das três práticas orientais citadas é a que apresenta o maior corpo de evidências a favor de potenciais benefícios, seja por contar com maior volume de estudos ou por ser mais difundida no Ocidente. Sua prática data de 1.500 a.C. e está presente em todos os livros sagrados hindus (Vedas, Bhagavad Gita e Upanishads). A palavra ioga é derivada do sânscrito e significa “união”. Sua prática é divida em três componentes, a saber: os asanas, que são as diferentes posturas praticadas; os pranayamas, que são exercícios respiratórios; e os dhyanas, que nada mais são do que práticas meditativas. Diferentes estudos demonstram benefícios fisiológicos da sua prática, dentre eles: efeitos metabólicos (redução da PA, melhora no perfil lipídico e na glicemia), anti-inflamatórios (redução da proteína C reativa e de citocinas), imunológicos (aumento da atividade dos linfócitos T CD4+ e da telomerase), neuroendócrinos (diminuição de cortisol, epinefrina e aldosterona) e autonômicos (aumento da VFC e melhora no barorreflexo).10,11

As evidências também apontam para um aumento no consumo de oxigênio e na força em pacientes com IC, redução da angina e elevação da capacidade funcional em indivíduos com DAC, além da diminuição de sintomas em pacientes com fibrilação atrial.10 Uma revisão sistemática e metanálise avaliou os efeitos do ioga sobre alguns fatores de risco cardiovasculares, encontrando redução média de 5 mmHg nas pressões sistólica e diastólica, diminuição da massa corporal e do índice de massa corporal, redução da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e dos triglicerídeos, além de aumento no colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDLc).11 Mais recentemente, um grupo de pesquisadores de diferentes instituições do Rio Grande do Sul realizou um ECR arrolando pacientes com IC e fração de ejeção preservada. Os autores compararam os efeitos do ioga associado a técnicas respiratórias com um grupo-controle, conforme protocolo recentemente publicado.12 Efeitos positivos foram encontrados na força muscular inspiratória e na modulação autonômica avaliada por meio da análise da VFC no grupo exposto à intervenção (dados não publicados).

Risoterapia

O riso é mais do que um comportamento visual e vocal; ele é sempre acompanhado de uma série de mudanças fisiológicas, incluindo contrações espasmódicas da musculatura esquelética, elevação da frequência cardíaca por liberação de catecolaminas e hiperventilação com aumento da troca de ar residual e consequente aumento da saturação de oxigênio.13 O estudo dos efeitos do riso e do humor e seu impacto psicológico e fisiológico no corpo humano é chamado de gelotologia. Os primeiros experimentos nessa área são da década de 1930, avaliando o efeito do riso sobre o tônus muscular e o mecanismo respiratório da risada. O aumento da quantidade de estudos sobre o assunto baseia-se no pressuposto de que, se o mau humor é prejudicial ao sistema cardiovascular, o bom humor (risoterapia) e suas alterações fisiológicas devem ser benéficos.

Um dos poucos estudos que utilizou a risoterapia em indivíduos não saudáveis foi realizado por Tan et al.14 No experimento, 48 diabéticos com IAM recente foram divididos em dois grupos. Os 24 pacientes do grupo experimental deveriam assistir a um vídeo de humor diariamente durante 30 minutos, além de permanecer em tratamento convencional. Após um ano de acompanhamento, os autores observaram uma redução significativa na PA em relação aos indivíduos do grupo-controle. Além disso, os que foram expostos à comédia evidenciaram menos episódios de arritmias, uso menos frequente de nitroglicerina para a angina e menor recorrência de IAM (apenas dois versus dez do grupo-controle).

Por fim, um ECR está em andamento com o objetivo de avaliar as respostas hemodinâmicas e bioquímicas de pacientes com DAC estável submetidos a risoterapia.15 Nesse experimento, pessoas de ambos sexos, com 18 anos ou mais, em acompanhamento regular em um hospital universitário do sul do Brasil estão sendo alocados para um grupo de intervenção (que assistirá a um filme de comédia de 30 minutos) ou para um grupo-controle (que assistirá a um documentário neutro de 30 minutos). A previsão é de que alguns resultados já estejam disponíveis em 2020.

CONCLUSÃO

Este é um tempo em que a cardiologia acelera na direção de novas tecnologias, e recursos como a inteligência artificial, por exemplo, começam a apresentar-se como parceiros reais do médico. É nesse momento que tradições milenares como a meditação, o TCC e o ioga, assim como algo tão gostoso quanto a risada, têm sido testadas e podem ser utilizadas no manejo de pacientes com diferentes cardiopatias.

Mesmo sem apresentar um corpo de evidências tão robusto, sendo amparadas mais comumente em pequenos estudos de eficácia, essas terapias são uma alternativa terapêutica simples, segura e barata, que, além de melhorar a qualidade de vida, podem influenciar positivamente parâmetros fisiológicos e bioquímicos dos indivíduos. Finalmente, existe a perspectiva de que, com o aumento da quantidade de adeptos dessas práticas, estudos maiores e mais bem delineados sejam realizados, podendo estabelecer o real papel dessas práticas, seja na prevenção ou no tratamento das doenças cardiovasculares.

 


REFERÊNCIAS

1 Levine GN, Lange RA, Bairey-Merz CN, Davidson RJ, Jamerson K, Mehta PK, et al. et al. American Heart Association Council on Clinical Cardiology; Council on Cardiovascular and Stroke Nursing; and Council on Hypertension. J Am Heart Assoc. 2017; 28:6(10):pii e002218 

2 Shia L, Zhang D, Wang L, Zhuang J, Cook R, Chen L. Meditation and blood pressure: a meta-analysis ofrandomized clinical trials. J Hypertens. 2017; 35(4):696-706. 

3 Carlson LE, Doll R, Stephen J, Faris P , Tamagawa R, Drysdade E. et al. Randomized controlled trial of mindfulness-based cancer recovery versus supportive expressive grouP therapy for distressed survivors of breast cancer. J Clin Oncol. 2013; 31(25):3119-26. 

4 Goyal M, Singh SS, Sibinga EM , Gould NF, Rowland-Seymour A, Sharma R, et al. Meditation programs for psychological stress and well-being. Comparitive Effectiveness Review nº 124. Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality. JAMA Intern Med. 2014;174(3):357-68 

5 Curiati JA, Bocchi E, Freire JO,Arantes AC, Garcia Y, Guimarães G, et al. Meditation reduces sympathetic activation and improves the quality of life in elderly patients with optimally treated heart failure: a prospective randomized study. J Altern Complement Med. 2005; 11(3):465-72.

6 Hartley L, Flowers N, Lee MS,Ernst E, Rees K. Tai chi for primary prevention of cardiovascular disease. Cochrane Database Syst Rev. 2014 09 Apr; (4):CD010366.

7 Wang C, Bannuru R, Ramel J,Kupelnick B, Scott T, Schmid CH. Tai Chi on psychological well-being: systematic review and meta-analysis. BMC Complement Altern Med. 2010;21:10-23.

8 Nery RM, Zanini M, Ferrari JN, Silva CA, Farias LF, Comel JC, et al. Tai Chi Chuan como reabilitação cardíaca na doença arterial coronária: revisão sistemática. Arq Bras Cardiol. 2014; 102(6):588-92. 

9 Nery RM, Zanini M, De Lima JB, Buhler RP , Silveira AD, Stein R. Tai Chi Chuan improves functional capacity after myocardial infarction: a randomized clinical Trial. Am Heart J. 2015;169(6):854-60. 

10 Guddeti RR, Dang G, Williams MA. Role of yoga in cardiac disease and rehabilitation. J Cardiopulm Rehabil Prev. 2019;39(3):146-52. 

11 Chu P , Gotink RA, Yeh GY, Goldie SJ, Hunik MG. The effectiveness of yoga in modifying risk factors for cardiovascular disease and metabolic syndrome: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Eur J Prev Cardiol. 2016; 23(3):291-307. [ Links ]

12 Lopes CP , Danzmann LC, Moraes RS, Vieira PJ, Meurer FF, Soares DS. Yoga and breathing technique training in patients with heart failure and preserved ejection fraction: study protocol for a randomized clinical trial. Trials. 2018; 19(1):405. 

13 Fry WF. The physiological effects of humor, mirth and laughter. JAMA. 1992; 267(13):1857-58. 

14 Tan SA, Tan LG, Lukman ST, Berk LS. Humor, as an adjunct therapy in cardiac rehabilitation, attenuates catecholamines and myocardial infarction recurrence. Adv Mind Body Med. 2007; 22(3-4):8-12.

15 Nery RM, Buhler RP , Macedo DS, Delfino J, Ferrari F, Silveira AD, et al. Hemodynamic responses of patients with stable coronary artery disease to a comedy film: study protocol for a randomized controlled trial. Clinical Trials in Degenerative Diseases. 2019;4(2):43-8. 

Correspondência: Ricardo Stein, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Rua Ramiro Barcelos 2350 – Serviço de Fisiatria / Térreo. CEP 90035-903, Porto Alegre, RS – Brasil E-mail: [email protected]

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