varizes

No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde. A data, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem como intuito principal a conscientização da sociedade a respeito de cuidados e prevenção. No último ano, a pandemia de Covid-19, o isolamento social e o medo dos pacientes de frequentar os consultórios fizeram com que diversas doenças fossem negligenciadas e, consequentemente, muitas tiveram seus quadros agravados.

Na especialidade vascular, problemas como aneurisma da aorta, isquemia dos membros inferiores (falta de circulação), pé diabético, varizes e trombose venosa precisam de acompanhamento médico periódico. “Nunca foi tão importante cuidar da saúde. E para manter nossa imunidade alta é preciso uma boa alimentação, um sono reparador, praticar atividade física diariamente e ter controle do estresse. Além disso, fazer consultas regulares para monitorar os cuidados da saúde vascular. E no que tange à Covid-19, lembramos a possibilidade aumentada do aparecimento de eventos circulatórios até quatro semanas após o término da doença. É importante que os pacientes sejam orientados sobre como prevenir tais problemas”, alerta o cirurgião vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, Dr. Bruno Naves.

Com o cenário de crise de saúde, os atendimentos médicos remotos tornaram-se uma alternativa viável para as consultas eletivas e de acompanhamento de comorbidades. Mas, é importante destacar que a Telemedicina não descarta a consulta presencial e deve ser utilizada apenas com a finalidade de esclarecer dúvidas. Durante a assistência, o especialista tem a liberdade de aconselhar o paciente a agendar uma consulta presencial ou até mesmo buscar um atendimento de emergência.

Dr. Naves explica que, na área vascular, há muitos pacientes com doenças que progridem de forma lenta, quando há o acompanhamento da especialidade. Na grande maioria, trata-se de idosos que, apesar da vacina, ainda precisam manter o distanciamento. Nesses casos, o atendimento virtual é uma boa alternativa. Entretanto, com o surgimento de novos sintomas, ou agravamento notório da condição, a consulta presencial é mais recomendada.  

O especialista ainda afirma que a procura pela especialidade durante e após a infecção pelo novo coronavírus é muito importante. “Temos atendido uma grande quantidade de pacientes com complicações após a Covid-19. Pessoas que tinham varizes, por exemplo, com flebites ou tromboses”.

Os consultórios médicos são ambientes limpos e preparados para prevenir a disseminação, não somente do Sars-CoV-2, como de muitos outros agentes infecciosos. Mesmo que não seja possível a identificação da presença, ou não, do vírus no ambiente, é importante ressaltar que existem locais muito mais frequentados, como supermercados e transportes públicos, onde há uma possibilidade muito maior de contágio. O uso correto de máscaras, a higiene pessoal com a lavagem constante das mãos e sua desinfecção com álcool em gel 70%, o distanciamento físico e evitar aglomerações ainda são as principais formas de prevenir a doença.

*Por Dr. Pedro Pablo Komlós

Se o objetivo deste artigo fosse avaliar os impactos da pandemia sobre a Medicina e sobre a cirurgia vascular no ano de 2020, passaríamos a relatar o que já assistimos.

Como podemos resumir o ano da Covid sob o ponto de vista de uma perspectiva histórica ampla?

O terrível custo do coronavírus poderia demonstrar o despreparo da humanidade diante do poder da natureza. Na verdade, 2020 mostrou que a humanidade está longe de ser despreparada. As epidemias não são mais forças incontroláveis da natureza. A ciência as transformou em um desafio administrável. Em 10 de janeiro do ano passado, os cientistas não só isolaram o vírus causador, mas também sequenciaram seu genoma e publicaram as informações. Demorou alguns meses para que o coronavírus se espalhasse pelo mundo e infectasse multidões. Alguns meses depois, foram descritas algumas das medidas que poderiam desacelerar e interromper as cadeias de infecção. Em pouco tempo, muito menos de um ano, várias vacinas, aparentemente eficazes, estavam em produção em massa. Na guerra entre humanos e patógenos, nunca os humanos foram tão rápidos e poderosos.

A tecnologia da informação foi vital desde o início do processo. No passado, deter as epidemias era praticamente impossível porque os humanos não podiam monitorar as cadeias de infecção em tempo real e porque o custo econômico dos bloqueios prolongados era proibitivo. Em 1918, você podia colocar em quarentena as pessoas que contraíam a temida gripe espanhola, mas não podia rastrear os movimentos de portadores pré-sintomáticos ou assintomáticos. E se você ordenasse que toda a população de um país ficasse em casa por várias semanas, isso teria resultado em ruína econômica, colapso social e fome em massa.

A vigilância digital tornou muito mais fácil monitorar e localizar os pacientes-chave. Com isso, a quarentena pôde ser mais seletiva.

Mas todos os sucessos sem precedentes da ciência não resolveram a crise da Covid-19. A pandemia passou a ser vista como uma calamidade natural. Simultaneamente, surgia um verdadeiro dilema político. Na Peste Negra, responsável pela morte de milhões, ninguém atribuiu responsabilidade maior aos monarcas. Apesar da morte de um terço dos ingleses, o rei Eduardo III não perdeu o reinado. A solução estava muito além das pessoas.

Atualmente, a ciência dispõe de ferramentas para deter a pandemia. Inúmeras e variadas nações, do oriente à Oceania, demonstraram seu poder de deter a epidemia, mesmo antes de dispor de vacina. Essas ferramentas, no entanto, têm um alto preço econômico e social. Muitos dirigentes acreditam que poderiam vencer o vírus. Mas têm dúvidas se estão dispostos a pagar o preço dessa conquista. Esse é o grande ônus dos políticos nos dias atuais.

Alguns países mais organizados ou eventualmente menores tiveram um desempenho notável na condução da tragédia. Mas a humanidade, constituída de fronteiras intermináveis e facilmente acessíveis, não conseguiu conter a pandemia e nem sequer estabelecer um projeto global para reconquistar a liberdade superando definitivamente o vírus. Assistimos, no início de 2020, a um acidente em câmera lenta. As comunicações eficientes nos permitiram assistir a tragédia em tempo real, iniciando em Wuhan e passando em seguida pela Espanha, Itália e depois pelo mundo todo, incluindo o Brasil. Tardiamente, se decidiu timidamente pelo início do fechamento de fronteiras. Mas já era tarde.

De acordo com o escritor Israelense Yuval Noah Harari, muito mais fácil do que achar soluções atuais, sempre foi discutir o que já passou. Os acontecimentos de 2020 certamente haverão de render muita repercussão pelas próximas décadas. Porém, uma coisa é certa, os políticos de todas as características deverão refletir muito sobre três aspectos fundamentais:

Primeiro, vamos manter muito claro que a infraestrutura digital foi nossa tábua de salvação. Deve ser protegida a todo custo. Ela representa nossa primeira proteção.

Em segundo lugar, o sistema público de saúde deve merecer um investimento exemplar e prioritário. Parece óbvio, mas nem sempre oferece aos políticos a notoriedade desejada.

Terceiro, o mundo deve agir em conjunto no sentido de monitorar e, a partir daí, evitar a disseminação de epidemias e sua transformação numa pandemia global. Na guerra eterna entre seres humanos e agressores biológicos, a linha de frente passa pelo corpo de cada ser humano. Essa linha é fundamental. Sendo partida em qualquer canto do nosso mundo, todos estarão em perigo. Simplesmente, a leitura do que aconteceu. Esse fenômeno aproxima as diferentes camadas sociais. Ricos de países muito desenvolvidos passam a ter especial interesse em proteger aos menos favorecidos de países até muito primitivos, buscando sua própria segurança. Se um novo patógeno saltar de um primata, no ermo do mundo para algum humano, em dias, poderá estar na Avenida Paulista.

Essas foram, basicamente, as árduas tarefas da Medicina em 2020. Os vasculares, acompanhando esse mergulho científico radical, começaram a identificar as complicações circulatórias do vírus. Ao se aprofundar, foram desenvolvendo as melhores terapêuticas para debelar essas intercorrências, frequentemente graves.

No campo das doenças vasculares, um trabalho científico, publicado em 2021, analisando os resultados em 1.195 artigos, encontrou um percentual muito elevado de 25% de fenômenos de trombose venosa em pacientes internados, aumentando para 48% em 14 dias, mesmo com o uso da anticoagulação.

Embora as tromboses arteriais tivessem sido menos frequentes, ocorrendo em 1 a 16% dos pacientes, suas consequências foram muito mais graves levando a amputações e até morte, mesmo em indivíduos mais jovens.

Mas todo esse extenso texto serviu apenas para fazer um retrospecto sumário do filme real que passou diante dos nossos olhos. E agora, como antecipar ou prever o que nos espera? Aqui no Brasil, em dezembro voltamos a acreditar que Deus seria realmente brasileiro. Assistimos o despencar melodioso dos casos de covid 19. Cheios de esperança e carentes de uma liderança nacional que nos conduzisse, muitos acreditaram piamente que a pandemia se afastava por decreto. Voltaram a se aglomerar, abandonaram as desconfortáveis máscaras e nosso “Mistério” da Saúde não se empenhou como deveria na aquisição de vacinas necessárias para atender este país continental.

Estamos em março. A pandemia explodiu como nunca. A Medicina se defronta com desafios inusitados, tendo que escolher quais pacientes receberão tratamento intensivo e urgente antes. Não há mais leitos. E agora o governo busca inútil e desesperadamente fontes fornecedoras de vacina. Enquanto isso vão surgindo as novas cepas do vírus, resistentes a tudo que já existe.

Então, e sobre as perspectivas futuras da Medicina e da especialidade vascular? A Medicina, aliada à ciência e tecnologia, precisa desenvolver imunizantes capazes de controlar o vírus chinês original, incluindo as variantes regionais. O original seria ironicamente efêmero como muitos produtos, mas as variantes nacionais se prolongariam também com ironia ao som da música de carnaval.

Além desse esforço imunizador, obtido, como dissemos anteriormente, em tempo recorde, a Medicina precisa desenvolver terapêuticas cientificamente comprovadas e eficazes para tratar precocemente o coronavírus e também para alcançar suas complicações secundárias. É importante lembrar que a infecção viral desaparece rapidamente como as causadas por influenza. Porém, o grave, e que permanece por mais tempo, são as complicações secundárias sobre diferentes órgãos. Destaca-se como principal a degeneração pulmonar.

Nós, os vasculares, seremos muito mais exigidos para acompanhar e tratar a grande quantidade de complicações circulatórias. Ainda não conhecemos seu mecanismo de ação, mas precisamos estar atentos para tratá-las precocemente.

Tudo que discutimos diz respeito ao atendimento dessa inusitada enfermidade e sua cruel consequência, a pandemia 2020/21. Por fim, faltou destacar as dificuldades relativas à Medicina geral e comum, não covid. Tanto pacientes como terapeutas procuram evitar todas as terapias passíveis de adiamento. Correções estéticas, doenças menos graves e até mesmo enfermidades contornáveis. Tudo para evitar ambientes médicos, hospitalares e até de diagnóstico. Assim sendo, o agravamento do quadro atual conduz a uma crise sem precedente entre médicos e serviços auxiliares. Assim como um represamento de doentes que supostamente podem esperar.  Passada a pandemia de covid, é provável que enfrentemos uma pandemia terapêutica. Mas aí já estaremos falando de uma epidemia alegre. Certamente, receberemos esse momento com ansiedade e dedicação.

A última pandemia enfrentada foi em 1918. Após pouco mais de dois anos se extinguiu sem tratamento específico nem imunização. Podemos ter a esperança de redenção num prazo muito mais curto. Além dessas reflexões, qualquer outra conclusão pertencerá a futurólogos ou preditores mediúnicos. Na condição de meros mortais, fazemos apenas considerações muito mais esperançosas do que convictas.

Dr. Pedro Pablo Komlós – arquivo pessoal

Dr. Pedro Pablo Komlós

Angiologista e Cirurgião Vascular

Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

(Texto baseado em artigo científico encabeçado pelo Dr. Fedor Lurie, PhD da Universidade de Michigan, publicado em janeiro de 2021 no Vascular and endovascular Journal, (The impact of covid-19 on vascular surgery practice: A systematic review) e texto de Yuval Noah Harari, de março de 2021, publicado no jornal britânico  Financial Times (Lições de um ano de covid: O que podemos aprender com os avanços científicos e fracassos políticos para o futuro).

O aumento da temperatura no verão sobrecarrega a circulação. E quem tem varizes sabe: é uma época em que o desconforto aumenta, com aquela sensação de peso e cansaço nas pernas e pés.

Segundo o médico cirurgião Breno Caiafa, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV-RJ), no calor podem ocorrer “dores nos membros inferiores, inchaço, sensação de peso, câimbras associadas ao ressecamento da pele, coceira e ardência, principalmente se a pessoa já tem doença vascular prévia como varizes dos membros inferiores”.

A aposentada Sônia Maria Faria Novaes, de 69 anos, sente o problema na pele. Com varizes há mais de dez anos, ela já sabe que, quando o clima esquenta, o incômodo vai ser ainda maior.

— No verão a gente sofre, é muito ruim esse calorão para quem tem problema. Minha concentração maior é no pé e no tornozelo e essa região incha e incomoda muito, até para andar — conta.

Para lidar com o problema, ela já conhece as dicas: colocou dois tocos de madeira no pé da cama e dorme com ela um pouquinho inclinada para levantar pernas e pés. Também prefere usar tênis a sapatilhas e chinelos e, por orientação médica, toma todos os dias o seu remédio.

Caifa reforça a importância de ter um acompanhamento com médico angiologista ou cirurgião vascular. Ele pode receitar o melhor medicamento para controle das varizes, avaliando também a possibilidade de algum tratamento específico e até cirurgia. Também orientará sobre o uso de meias elásticas e pode dar dicas para diminuir o desconforto.

Fernanda Frederico, cirurgiã vascular da Clínica Leger, explica que as varizes são veias dilatadas e tortuosas que se desenvolvem mais frequentemente nos membros inferiores. O surgimento delas tem um fator hereditário importante, e a doença pode ser agravada por certos hábitos de vida como, por exemplo, sedentarismo.

Estudos nacionais mostram que 37,5% da população apresenta varizes. Elas surgem mais frequentemente a partir dos 30 anos e vão ficando mais frequentes com o envelhecimento. É quatro vezes mais comum nas mulheres do que nos homens.

Dicas para evitar que o problema se agrave

Hidratação e exposição ao sol

Mantenha uma boa hidratação e modere o consumo de sal. Além disso, evite expor as pernas ao sol e aplique filtro solar se o fizer. No final do dia, faça massagem de baixo para cima com um creme frio.

Caminhadas e controle de peso

Coloque os pés para cima por alguns minutos, movendo-os constantemente. Realize caminhadas e exercícios físicos com supervisão médica. Também é preso controlar o peso e manter dieta rica em fibras.

Varie posição

Os médicos alertos que a pessoa não deve ficar muito tempo em pé ou sentado. Também alertam que o uso de cintas abdominais apertadas podem resultar em varizes. Prefira e meias elásticas, principalmente se for ficar muito tempo em pé.

Uso de remédios

Evite pílula anticoncepcional caso haja predisposição genética. Para melhorar a circulação, deite com as pernas levantadas acima do nível do coração por 30 minutos, 3 vezes por dia

Sob prescrição médica, faça uso de medicamentos para controle das varizes.

Longas viagens

Em viagens com mais de quatro horas, pare, ande e movimente pernas e pés

No avião ou no ônibus, caminhe pelo corredor, movimente joelho, panturrilha, tornozelo e dedos dos pés, beba bastante água, evite roupas apertadas, utilize meias compressivas e não cruze ou sente sobre as pernas.

Fonte: extra.globo.com

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