endocrinologista

Remédios para emagrecer podem representar riscos a saúde

A chegada das altas temperaturas, acompanhada da temporada de verão, pode deixar muitas pessoas mais a vontade para mostrarem mais o corpo, usar roupas mais curtas e ousadas. Porém, ainda existe na sociedade a ideia de um biótipo de verão, com medidas e pesos ideias, mas que nem sempre estão inseridas no DNA de cada um.

Com essa cobrança por um “corpo perfeito” muitas pessoas decidem tomar medidas para a rápida perda de peso, que podem acarretar em prejuízos à saúde. Um exemplo disso, é o alto consumo de remédios para emagrecer por parte dos brasileiros.

De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa Nielsen Holding os brasileiros possuem alto consumo de medicamentos para emagrecer, representando 12% do estudo que abrangeu toda a América Latina. Além disso, enquanto apenas 4% das pessoas recorrem a esse método no Peru e Venezuela, no Brasil, este número é de 8%. 

“Muitas vezes, esses remédios são adquiridos de forma irregular. O Brasil adotou medidas para tentar minimizar a auto medicação, mas nem sempre são eficazes. A Sibutramina por exemplo, medicação com registro na Anvisa desde 1998 e aprovada para o auxílio no tratamento da obesidade quando bem indicada, é feita em receituário azul B2 desde 2011, com retenção de receita”, destacou o endocrinologista credenciado da Paraná Clínicas, empresa do Grupo SulAmérica, Caoê von Linsingen (CRM/PR-24267 – RQE17646).

Caoê von Linsingen – endocrinologista. Foto: Divulgação

As buscas por métodos de emagrecimento, geralmente, permeiam a imaginação das pessoas, fazendo com que muitas acreditem que existem remédios naturais que tenham as ações esperadas. De acordo com o médico, é importante desmistificar a ideia de que como é natural não tem contraindicação. “Cada medicamento tem suas indicações, contraindicações e efeitos colaterais. Há ainda interação com outros medicamentos que podem ser muito danosas. Mais perigoso ainda são pílulas vendidas sem quaisquer restrições na internet como naturais, mas que não constam bula nem identificação de fabricante, apenas nomes de plantas que supostamente constam no produto.  Em 2019, por exemplo, acompanhamos um caso de uma pessoa no estado de Santa Catarina que veio a óbito depois de comprar essas pílulas vendidas de forma indiscriminada como “naturais””, alertou Caoê.

Ainda de acordo com o médico, é necessário compreender, que remédios para emagrecer não existem e sim precisam ser prescritos em casos específicos. “Não existe medicamento para emagrecer, e sim para obesidade, uma doença crônica e com alta recidiva. O mais adequado é um seguimento multidisciplinar e, se necessário, o medicamento mais adequado individualizado para cada caso.  O que funciona para seu vizinho pode não ser o mais adequado no seu caso, ou mesmo estar contraindicado”, finalizou o endocrinologista.

Quando o objetivo é a perda de gordura e peso, almejando o bem-estar e a promoção de saúde, a mudança de hábitos é de suma relevância. Afinal, foi uma determinada rotina que levou ao estado atual de sobrepeso, e necessita ser modificada para que a meta de emagrecimento seja alcançada. Contudo, não se trata de tarefa fácil alterar costumes tão arraigados, sendo necessário esforço contínuo.

O médico endocrinologista, especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny, destaca a importância do hábito para a sobrevivência humana. Conforme Bomeny, quando se exerce um ato de decisão consciente, costuma-se despender muita energia no processo. “É por isso que aprender a dirigir, por exemplo, causa tanto stress e cansaço” diz. Dessa forma, para poupar energia, o ser humano desenvolve hábitos. De maneira geral, 40% das decisões que o ser humano toma é automatizada. Por exemplo: andar, correr, comer, escovar os dentes.

Especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny é graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), com residência em clínica médica e em endocrinologia e metabologia pela mesma instituição de ensino.

Os hábitos e as decisões conscientes são realizadas em locais distintos do cérebro. O processo decisório surge no córtex pré-frontal. Os hábitos são controlados gânglios da base. “Porque são funções executadas em regiões distintas é tão difícil entendermos e aceitarmos que tomamos ações irrefletidas e, consequentemente, mudarmos nossos hábitos”, diz Bomeny. Além disso, contribui para frustrar a alteração de rotinas, o fato de que elas são resultados de um processo adaptativo, visando à economia de energia para sobrevivência. “Nesse sentido, para mudar hábitos, será preciso usar aquela energia poupada. Isso é difícil, porque o corpo quer permanecer na zona de conforto”, explica.

O médico endocrinologista, explica que a formação de hábitos passa por três pontos principais, que são: o gatilho; a rotina; e a recompensa. “O gatilho é aquilo que desencadeia a ação que gera o hábito”, relata. Há diversos tipos de gatilho, tais como: emocional (tristeza, raiva, cansaço stress); relativo a lugar (restaurante, casa da mãe, escritório); e associado a determinada situação (reunião de trabalho, encontro de amigos etc.). A rotina é ação aquilo que deriva do gatilho. Por exemplo: comer um doce sempre que está triste ou como sobremesa quando vai a um restaurante.

Já a recompensa, destaca Bomeny, é aquilo que faz com que o nosso cérebro entenda que o comportamento promovido pelo gatilho é uma boa ação. “Nossa mente nunca desenvolverá um hábito que nos faça sofrer, por isso todo hábito é recompensador”, diz. Assim, de acordo com o médico especialista em emagrecimento, para mudar hábitos, será preciso investigar os gatilhos, as rotinas e as recompensas, tarefa que nem sempre é fácil, já que se trata de processos inconscientes.

Para iniciar o processo de transformação do hábito é preciso incialmente, segundo o médico endocrinologista, estabelecer uma prioridade. “Não adianta querer mudar sua vida inteira de uma só vez, você dificilmente irá conseguir. Escolha um hábito e foque nele”, diz.

Após estabelecer qual o hábito deseja modificar, o primeiro passo a ser dado é a identificação da rotina que necessita ser alterada. Por exemplo: comer pão de manhã ou comer muito à noite. Conforme Bomeny, trata-se da engrenagem mais simples de ser identificada nesse complexo mecanismo que é o hábito. 

O segundo passo é discernir a recompensa obtida dessa ação rotineira. “Trata-se de tarefa complicada porque podem existir várias recompensas para a mesma ação”, explica o médico endocrinologista, ressaltando, porém, a importância desse reconhecimento para a transformação do hábito. “A recompensa, de certa forma, atende a um desejo, a uma expectativa que se tem de determinado gatilho. Se você não souber qual a sua recompensa, fica muito mais difícil mudar a rotina”, destaca.

A melhor maneira de identificar a recompensa é por meio de testes. Nesse sentido, explica Bomeny, caso a pessoa já tenha estabelecido a rotina de comer um salgado no meio da tarde, durante o trabalho, por exemplo, e ache que faz isso porque tem fome, ela deve testar essa hipótese. Assim, inicialmente, substituirá o lanche por um alimento saudável. Depois, deve anotar o que sentiu: se a fome continuou, cessou etc. “É importante anotar para refletir e assim conseguir detectar com mais facilidade a recompensa” diz.

Por fim, o terceiro passo é a identificação do gatilho. Conforme Bomeny, também é uma ação de difícil resolução porque existem diversos gatilhos possíveis para uma mesma rotina. “No caso do lanche da tarde, por exemplo, o gatilho pode ser a hora do dia, o local de trabalho, o estado emocional (tédio, cansaço, irritação), até a presença de outras pessoas”, destaca. A fim de conseguir distinguir o gatilho para determinada rotina, mais uma vez, anotar o que está sentindo, o momento que se encontra no dia, o horário, a tarefa que está fazendo, é imprescindível.

A partir do momento que as rotinas, recompensas e gatilhos estiverem bem estabelecidas, deve-se passar para o planejamento de ações que precisam ser realizadas para modificar o hábito visando a perda de gordura e peso. “Todo conhecimento do mundo será inútil se não for praticado, principalmente quando o assunto é hábito, cuja mudança requer esforço e constância”, afirma.

Segundo o médico endocrinologista, pensando em hábitos que promovem o ganho peso, o gatilho mais comum é o emocional e a rotina é o ato de comer. Dessa maneira, visando ao emagrecimento, a pessoa necessita aprender novas rotinas (prática de exercícios e meditação, por exemplo) e tentar evitar os gatilhos. Conforme Bomeny, nesse ponto, o ambiente interno (as emoções) não pode ser negligenciado.

As explicações sobre formação de hábitos fazem parte do Você+, método de acompanhamento multidisciplinar desenvolvido por Bomeny que foca no desenvolvimento de 5 níveis considerados essenciais para a mudança do estilo de vida e emagrecimento.

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