ansiedade

Infográfico saúde mental
Psicologia Viva/Eurofarma

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo. São quase 19 milhões de brasileiros diagnosticados, o que se intensificou durante a pandemia da covid-19.  A percepção desse quadro entre os brasileiros está cada vez maior e a busca por esse tema no País lidera o ranking das pesquisas, representando 20,1%. É o que revela o “Report Anual da Saúde Mental dos Brasileiros”, relatório quantitativo detalhado com dados extraídos da plataforma Psicologia Viva, maior empresa de saúde mental da América Latina e integrante do Grupo Conexa, em parceria com a Eurofarma. 

Entre junho de 2020 e junho de 2021, foram avaliados mais de 84 mil registros distintos de pacientes, associados a aproximadamente 925 mil agendamentos de teleconsultas psicológicas. Além da ansiedade, que lidera as buscas dos pacientes na plataforma com 20,1% de procura, depressão (6,5%), desenvolvimento pessoal (4,93%), psicologia clínica (3,27%) e saúde mental (2,59%) entram no ranking dos 5 temas mais buscados entre todas as faixas etárias. 

Para Fabiano Carrijo, CEO Brasil da Psicologia Viva, esta pesquisa ajuda a entender os principais desafios de cada fase da vida, desde a infância até a terceira idade, e se torna um ponto de partida para que os psicólogos também possam dar uma orientação com ainda mais qualidade e direcionamento aos seus pacientes.  

De acordo com o relatório, as mulheres agendaram mais consultas na plataforma durante o período analisado. Entre os que optaram em informar o gênero (62,5%), 73,8% dos pacientes são do sexo feminino e 26,2% são do sexo masculino. Esses números refletem uma informação de conhecimento popular, de que a mulher, historicamente, busca se cuidar mais. “Ao notar que algo não está bem, seja relacionado à sua saúde física ou mesmo emocional, elas já procuram ajuda, ao contrário dos homens, que acabam relutando mais em buscar um apoio profissional”, comenta Luciene Bandeira, psicóloga e cofundadora da Psicologia Viva.  

Os jovens adultos são os que mais procuram por assistência psicológica on-line. Os da faixa etária entre 21 e 40 anos representam cerca de 40% dos agendamentos de teleconsultas no período, entre os que reportaram a idade. Sobre os temas mais buscados na plataforma por essa faixa de idade, a ansiedade ocupa o primeiro lugar, com 21,3% das pesquisas. Tanto homens quanto mulheres de 15 a 30 anos têm como segundo principal tema de busca o desenvolvimento pessoal, com 6,2% das buscas. Já dos 31 aos 45 anos, o segundo lugar é ocupado pelo tema depressão (6,0%). 

“Uma possível explicação para o desenvolvimento pessoal ser foco das buscas dos jovens talvez seja o ingresso no mercado de trabalho e as questões psicológicas que isso envolve. Já dos 31 ao 45, é preocupante avaliar que a depressão ocupa este lugar, o que pode sugerir uma relação com a Síndrome de Burnout (relacionada ao estresse gerado pelo trabalho excessivo), problemas financeiros ou de relacionamento”, explica Luciene. 

Pais de crianças e adolescentes também se mostram preocupados com a saúde mental de seus filhos, buscando aconselhamento para esse público. Os meninos de 0 a 16 anos agendaram mais atendimentos psicológicos, equivalendo a 5,5% do total de agendamentos por pessoas do sexo masculino no período, em comparação com as meninas na mesma faixa etária (2,7% dos agendamentos por pessoas do sexo feminino). “A literatura especializada sugere algumas possíveis explicações para o caso. A prevalência de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) em meninos é de 14%, por exemplo, contra apenas 6,3% nas meninas. O autismo também é mais prevalente nos garotos, cerca de 4,3 vezes mais”, conta a psicóloga. 

É importante destacar que pessoas acima dos 80 anos, que geralmente não têm familiaridade com as novas tecnologias, representam 0,35% do total, aproximadamente dois mil agendamentos de consultas psicológicas on-line, o que não deixa de ser um número expressivo. Entre os temas mais buscados por homens e mulheres acima dos 60 anos está “acompanhamento psicológico de idosos” (22% mulheres e 18% homens), seguido de ansiedade e depressão. “É interessante notar que este público está em busca de ajuda através da tecnologia, pois é uma fase da vida em que muitos já perderam membros importantes da família, sentem os impactos da idade, ou podem se sentir sozinhos”, conclui Luciene. 

Para visualizar o relatório completo, acesse: https://conteudo.psicologiaviva.com.br/report-pviva-eurofarma 


Notas: 

  1. Dos mais de 84 mil pacientes que agendaram consultas, aproximadamente 32 mil, 37,5%, optaram por não informar o gênero.
  2. Dos 925 mil agendamentos, mais de 360 mil agendamentos não apresentavam a idade do paciente.
  3. Dos mais de 920 mil agendamentos efetuados na plataforma, em mais de 700 mil casos o estado civil não foi informado, ou seja, 77% do total de agendamentos.
  4. Quase 50 mil pacientes responderam o estado de origem, dos mais de 80 mil com pelo menos um agendamento. Apenas 3 estados representam aproximadamente 79,5%. Estados com maior número de agendamentos tendem a ter um público mais velho, enquanto os estados com menos agendamento tendem a ter um público em média mais jovem.
  5. Assim como o tema buscado pelos pacientes é de grande relevância, os temas de uma consulta reportados pelos psicólogos são importantes para entender o comportamento dos pacientes. Porém, das mais de 920 mil consultas, em quase 825 mil agendamentos o psicólogo não reportou o tema.

Hoje estamos enfrentando um estresse prolongado que tem gerado doenças ou piorando as já existentes. Além de prejudicar o funcionamento saudável do nosso organismo, a Síndrome Estresse Covid está modificando o nosso comportamento com certas compulsões que trarão outros problemas de saúde: ou seja, é muito comum que o estresse leve a pessoa a consumir mais doces e alimentos ricos em carboidratos, alimentos chamados de confort food, ou, comida que traga conforto. E notório então o ganho ponderal de peso pós pandemia e também o aumento dos quadros de diabetes. Também já é notório o aumento do consumo patológico de álcool e outras drogas, causado por esse mesmo estresse.

Um dos efeitos mais nocivos que está se apresentando hoje é a normalização do que é patológico. Por exemplo, as pessoas hoje já começaram a se acostumar com o fato do transtorno de ansiedade se tornar corriqueiro. As pessoas já estão normalizando a situação, minimizando o problema. Não importa se está todo mundo adoecido, mais ansioso e sofrendo com algum transtorno, e não faz diferença quem sofre mais ou menos, uma vez que a doença está sendo vista como algo normal nos dias de hoje, o que é muito perigoso– Alerta a Dra.  Gesika Amorim.

Hoje há uma enorme multidão de pessoas que desenvolveram quadros de ansiedade e depressão, e aquelas que já tiveram esse problema antes da pandemia, e mesmo com a situação controlada, voltaram a ter crises mais frequentes e intensas. E isso tem agravado, principalmente, na saúde mental de crianças e adolescentes.

Com um evento tão adverso em uma escala global, sendo ainda considerada um fator de estresse e violência, a pandemia quebrou o ciclo do desenvolvimento das crianças, seja através de alterações na arquitetura cerebral, alterações imunológicas e hormonais, e também estresse parental e social que pode prejudicar o crescimento e desenvolvimento da criança; o estrese crônico vai comprometer este desenvolvimento – Explica a Dra.  Gesika Amorim.

A saúde mental da criança e do adolescente – Os desafios e as consequências futuras no pós-pandemia

O maior problema é que, com o “novo normal”, e como já dito, o Transtorno de Ansiedade está sendo visto e levado como não patológico. A doença está se normalizando, as pessoas estão se acostumando com os sintomas de palpitações, sudorese nas palmas das mãos, expectativa de coisas ruins sensação de desesperança e sofrimento, minimizando o problema.

Outro grande problema que faz parte do novo normal, e que está atingindo crianças e adolescentes, são as mudanças comportamentais.

 Crianças entre 2 a 4 anos de idade perderam, praticamente, dois anos do início de suas vidas, são crianças que não conviveram em sociedade, elas não sabem brincar com outras crianças, não conviveram em família e, em muitas situações, não aprenderam a cumprir regras e ordens. São crianças que não tiveram infância, sem acesso a nossa realidade antes da pandemia, elas conhecem uma realidade completamente anômala, principalmente crianças que vivem em apartamentos – Alerta a Dra.  Gesika Amorim.

Muitas destas crianças estão com dificuldade de se ressocializarem com seus colegas, inclusive com a volta às aulas, sentindo-se inseguras no contato com o ambiente escolar. Adolescentes passaram a se isolar ainda mais com a pandemia, voltando-se para as telas, com jogos virtuais ou fazendo uso excessivo das redes sociais, afastando-se ainda mais da realidade.

Os adolescentes, na faixa de 12 a 16 anos de idade, ficaram dois anos em casa, em uma fase em que a socialização é muito importante. Esses adolescentes ficaram convivendo online, no mundo virtual. A consequência é que agora temos uma juventude que não sabe lidar com o embate, não sabem trabalhar o emocional. Estamos tendo uma leva de adolescentes com transtornos comportamentais, transtornos de humor e quadros depressivos, isso porque eles não conhecem as emoções ruins, não sabem viver em sociedade, e agora precisam encarar a realidade – diz a Dra.  Gesika Amorim.

É urgente que todos nós, médicos, pais, professores, cidadãos, governantes, olhem com atenção a este problema, poraquê ele é só o início de um iceberg. O retorno das aulas e consequentemente o viver em sociedade causara um boom de transtornos comportamentais” – finaliza a especialista.


 

Dra Gesika Amorim é Mestre em Educação médica, com Residência Médica em Pediatria, Pós Graduada em Neurologia e Psiquiatria, com formação em Homeopatia Detox (Holanda), Especialista em Tratamento Integral do Autismo. Possui extensão em Psicofarmacologia e Neurologia Clínica em Harvard. Especialista em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental; Homeopata, Pós Graduada em Medicina Ortomolecular – (Medicina Integrativa), dentre outros títulos.

Instagram: @dragesikaautismo

Site: https://dragesikaautismo.com.br

Por muito tempo os brasileiros se preocuparam com o isolamento social e com o início da vacinação. Agora, com a evolução na eficácia das vacinas, é o momento de saber como lidar com a mente em um período pós-vacina. 

“Com a “vida” voltando ao normal, principalmente pela flexibilização das medidas restritivas, a ansiedade por vir à tona por dois motivos: o primeiro é a expectativa de poder voltar atividades de modo até que não era possível por conta da pandemia, já o segundo está ligado no novo processo de adaptação”, explica Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da Fepo Psicólogos. 

As principais mudanças no psicológico das pessoas estão relacionadas à vacinação, que traz a sensação de segurança para poder retomar as atividades em segurança. Visto que é uma sensação de alívio que é possível “estar protegido”, isso reflete na redução nos níveis de ansiedade e estresse, devido à preocupação. 

De acordo com o psicólogo, é importante levar em consideração que cada pessoa é única e pode reagir de um jeito. “A ansiedade gerada pelo isolamento via de regra será reduzida, uma vez que poderemos retornar ao convívio social”, comenta. 

Felipe Laccelva, psicólogo e CEO da Fepo Psicólogos.
Divulgação

Quase dois anos em casa trabalhando, e agora? 

As pessoas se adaptaram a rotina do home office, a retomada ao presencial vai exigir um novo período de adaptação. Nesse caso, é importante que as empresas possuam um programa para acolher esses funcionários e que tenham flexibilidade para que eles possam se reorganizar, como um funcionário que levava o filho para a escola, e agora ele precisa de um tempo para contratar uma van e o filho possa se acostumar. 

A terapia foi a “luz em meio ao caos” nesse período pandêmico, o que mudou positivamente o modo como as pessoas enxergam as sessões com os psicólogos. Uma pesquisa realizada pela Fepo indica que 73% dos brasileiros pretendem continuar fazendo terapia em 2022.

“O modelo online, principalmente, se tornou muito acessível, vale ressaltar que a terapia é algo do dia a dia, algo que tem espaço para fazer parte do cotidiano, assim como cuidar do corpo é preciso cuidar da mente”, explica Felipe. 

 

* Por Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari

Era dezembro de 2019 e surgiam as primeiras notícias sobre uma pneumonia de causa desconhecida que se espalhou rapidamente na China. Vimos e ouvimos sobre o ocorrido sem nos alarmar para o verdadeiro desastre que ele causaria em âmbito mundial.

Coronafobia é classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental. 

Coronafobia é classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental. Dois meses depois, o assunto tomava maior proporção e a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciava que a COVID-19 causada por um tipo de coronavírus chamado SARS-CoV-2 se tratava de uma pandemia.

Em 10 meses, o mundo que conhecíamos até então mudou. E enquanto escrevo este artigo, são contabilizadas mais de 2,5 milhões de mortes em 192 países.  Mas para quem fica, além da dor que avassala aqueles que perderam parentes, amigos e colegas de trabalho, existe uma outra batalha que precisa ser driblada, e ela já tem nome: Coronafobia.

Mas, afinal, do que se trata o termo CORONAFOBIA e como se tornou nomenclatura oficial dos estados mentais relacionados às fobias?

Em um estudo recente publicado em dezembro de 2020 pela US National Library of Medicine que analisou 500 casos de ansiedade e depressão, verificou que todos eles estavam ligados à pandemia. 

A COVID-19 provoca na população um aumento de sentimentos como medo e ansiedade.  Sendo que o medo e a insegurança, por exemplo, são alguns dos sentimentos mais presentes por conta da imprevisibilidade do comportamento do vírus em cada pessoa atingida.  Mas não apenas isso. Estamos falando ainda da imprevisibilidade das questões socioeconômicas, da carreira e dos negócios. E todas as incertezas levaram a um aumento considerável dos transtornos psiquiátricos e emocionais desde que a pandemia começou e se tornou um evento traumático de proporções maiores do que os surtos de doenças anteriores dos últimos tempos.

Eventos traumáticos podem levar a fobias específicas, logo, o termo Coronafobia, criado ao final de 2020, trata-se de uma ansiedade grave causada pela condição pandêmica. É classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental. 

Se um simples espirro ou tosse, por exemplo, suscitam uma preocupação irracional de ser COVID-19, isto pode estar relacionado à Coronafobia. Ou seja, é importante ficar atento para analisar se a ansiedade é desproporcional ao risco real prejudicando a qualidade de vida.

Alguns dos sintomas físicos são: palpitações, tremores, dificuldades para respirar e alterações de sono.  No âmbito emocional, os sintomas mais predominantes são tristeza, culpa, medo de perder o emprego ou medo de contaminar e levar ao óbito seus familiares.  Já entre os sintomas comportamentais mais frequentes estão o medo excessivo de encontrar pessoas, de tocar em superfícies, evitando locais públicos mesmo que sejam abertos, e ir repetidamente ao médico achando que está doente.

A preocupação com a saúde e a tomada de cuidados recomendadas pela OMS são altamente benéficos, mas, se houver uma preocupação irracional, levando a “comportamentos de controle”, como aferir a frequência cardíaca ou a temperatura muitas vezes ao dia, ou ir ao médico com frequência apenas para garantir que não está doente, pode ser sinal de que a ansiedade está fora de controle e é preciso procurar um profissional de saúde para diagnóstico e tratamento.

O Ministério da Saúde realizou uma pesquisa com 17.491 brasileiros com idade média de 38,3 anos, variando entre 18 e 92 anos, durante os meses de abril e maio de 2020, quando as mortes pelo novo coronavírus aumentaram. O levantamento revelou que 8 entre 10 brasileiros estavam sofrendo de algum transtorno de ansiedade.

Um outro estudo, que reuniu diversas universidades brasileiras, mostrou que o impacto negativo da pandemia na saúde mental da população brasileira evidenciou que os grupos mais afetados pela Coronafobia foram jovens mulheres, além de pessoas com diagnóstico prévio de algum distúrbio mental e dos grupos de alto risco para coronavírus.

Um dado que pode assustar é o fato de os jovens estarem presentes nos grupos mais afetados. Mas existe uma explicação possível: talvez, por terem de enfrentar a pausa nos estudos presenciais, o distanciamento físico de amigos, a falta de opções de lazer e entretenimento, e o medo de se tornar um transmissor da doença e assim, contaminar familiares pertencentes ao grupo de risco. Além disso, foi relatado também, nesse grupo, o início de problemas de sono durante a pandemia ou o agravamento desses quando preexistentes.

A pandemia por si só já nos assola com preocupações e sofrimentos reais. Mas, quando se está fora do controle, há como reverter esse cenário, portanto, para a Coronafobia, também chamada de “pandemia do medo” há tratamento, tanto cognitivo-comportamental, como por meio de medicamentos. Para quem busca qualidade de vida e prefere ter suporte da medicina alternativa, o uso de fitoterápicos, como a Passiflora incarnata associada a Crataegus rhipidophylla e Salix alba L, também pode ser um caminho. No entanto, qualquer um dos tratamentos acima deve ser prescrito por profissionais, que irão avaliar qual o tratamento de acordo com os sintomas e outros aspectos clínicos.

 

Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari é médica formada pela Universidade Federal de São Paulo, com Fellowship no Geriatric Medicine Program na University of Pennsylvania responsável pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma.

O Brasil, que domina o topo do ranking de países mais ansiosos do mundo com 9,3% da população convivendo com a condição segundo a Organização Mundial da Saúde, parece caminhar para um cenário ainda mais alarmante. De acordo com levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa durante a pandemia do novo coronavírus.

Além do quesito saúde emocional, o cenário preocupa visto que a ansiedade é uma doença psiquiátrica que não raramente pode coexistir com doenças cardiovasculares. O médico cardiologista Dr. Roberto Yano elucida que sintomas de ansiedade são considerados fatores de risco para doenças do coração, além de influenciar negativamente no prognóstico do paciente já cardiopata.

Cardiologista Dr. Roberto Yano

“Pessoas que são ansiosas ou até depressivas liberam mais fatores inflamatórios que, a longo prazo, podem prejudicar o coração, estando assim mais propícios a terem doenças cardiovasculares. A associação destas alterações químicas no corpo, com histórico familiar de doenças cardiovasculares e hábitos de vida ruins são um forte gatilho para a ocorrência de infarto, AVC e até morte súbita”, alerta Dr. Roberto Yano.

Não raramente, os ansiosos dormem mal, tem pressão arterial elevada, níveis altos de LDL, colesterol “ruim”, e glicose, assim como baixos níveis de HDL, colesterol “bom”, o que aumenta as possibilidades de um problema cardíaco futuro. Outro fator é que é possível confundir os sintomas de ansiedade com o de doenças cardiovasculares.

“Em uma crise de ansiedade, a pessoa pode apresentar alguns sintomas semelhantes ao de um infarto. É comum haver dores no peito, palpitação, náusea, tontura e falta de ar, ou seja, algumas pessoas pensam que estão prestes a infartar. Por isso é importante buscar o pronto atendimento, o mais rápido possível, para que se possa realizar o diagnóstico e tratamento, que difere completamente entre uma doença e outra”, alerta Dr. Roberto Yano.

De outro modo, não raramente pessoas que sofrem de ansiedade podem ser acometidas por um episódio de infarto e, por pensarem que estão tendo apenas uma crise, demoram a procurar atendimento médico, fator que pode ser a diferença entre a vida e a morte do paciente.

O acompanhamento com o cardiologista, com o psiquiatra e psicólogo é imprescindível para que esse paciente mantenha mente e coração saudáveis

Desta forma, o cardiologista ressalta a importância do acompanhamento periódico de pessoas que apresentam as condições. “Há pacientes com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade que aderem muito bem ao tratamento justamente por receio de um infarto, assim como existem aqueles que por medo, deixam de cuidar do coração”, alerta.

É importante segundo cardiologista que o paciente com Transtorno de Ansiedade que apresenta alguma doença do coração seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar. “O acompanhamento com o cardiologista, com o psiquiatra e psicólogo é imprescindível para que esse paciente mantenha mente e coração saudáveis”, garante.

Conquiste o bem-estar com uma dieta balanceada e rica em nutrientes!

Uma forma deliciosa e funcional de enfrentar o estresse e a inquietação é acrescentando ao seu cardápio alguns alimentos que ajudam a combater a ansiedade. Poderosos para a saúde da mente, eles minimizam alguns dos sintomas provenientes dessa patologia – que já atinge mais de 13,2 milhões de pessoas apenas no Brasil.

Entre tantas opções, a nutricionista Paula Castilho e médica ortomolecular e nutróloga Tamara Mazaracki ressaltam que priorizar alguns nutrientes é a chave para o sucesso: “Um dos principais aliados para controlar o transtorno é o magnésio, mineral encontrado em vegetais de cor verde-escura, cereais, peixes e oleaginosas. Alimentos que aumentam os níveis de serotonina também devem ganhar destaque à mesa, já que estimulam o bem-estar e a felicidade”.

As especialistas ainda explicam que o consumo dos alimentos contra ansiedade deve ser feito de forma equilibrada e distribuída ao longo da semana. “Opte por enriquecer cada prato, variando de refeição para refeição. Assim, você tem uma dieta balanceada e com todos os nutrientes necessários”, diz Tamara. É importante lembrar que a alimentação é a base de tudo, mas não dispensa tratamento médico e psicológico em casos de transtornos e distúrbios, sendo complementares. Confira!
 

Alimentos contra ansiedade para incluir no cardápio

Chocolate amargo

É um dos melhores alimentos contra ansiedade e estresse. “Diversos estudos comprovam que o chocolate ajuda a aliviar os sintomas, por ser rico em triptofano, magnésio e flavonoides. Ele também age de uma maneira muito positiva em mulheres na fase da tensão pré-menstrual”, afirma Paula. Na hora de consumir, priorize os tipos meio-amargo e amargo, com pelo menos 50% de cacau.

Antigamente, era apontado como vilão por conter colesterol. Porém, estudos comprovaram que os ovos possuem muitas substâncias positivas para a saúde. “São ricos em colina, substância que está diretamente ligada à melhora da depressão e da insônia, além de proteínas e vitamina B12”, pontua Tamara.

Chás

Erva-cidreira, valeriana e camomila são algumas das ervas que possuem efeito relaxante. As folhas de maracujá também estão entre os alimentos contra ansiedade, já que possuem substâncias com atividade sedativa, calmante e analgésica.

Castanha-do-Pará

Contém selênio, um oxidante poderoso que auxilia no funcionamento do sistema nervoso e, por isso, ajuda a combater a ansiedade.

Abacate

Rico em gorduras boas, que previnem o acúmulo do colesterol ruim (LDL) no sangue. O abacate ainda controla os níveis de cortisol, hormônio ligado ao nervosismo, irritabilidade e estresse. Vale ressaltar que seu consumo deve ser moderado por conter uma grande quantidade de calorias.

Agrião

É um vegetal rico em iodo, ferro, enxofre, fósforo, vitaminas A, C, E e do complexo B. Seus nutrientes são importantes para o funcionamento correto da glândula tireoide, evitando a fadiga e ajudando na manutenção da saúde da pele e na formação dos ossos e dentes.

Alface

Contém lactucina e lactupicrina, substâncias que acalmam e aliviam a insônia e a irritação. Além de outros nutrientes como potássio, fosfato e vitamina K que, em falta no organismo, podem causar depressão, confusão mental e cansaço.

Arroz integral

Leite e derivados magros

Aliados do bom funcionamento do sistema nervoso, o leite e seus derivados sem excesso de gordura, como o iogurte e o queijo branco, são fontes de vitaminas do complexo B.

Aveia

Devido ao alto teor de fibras, a aveia diminui a concentração de açúcar no sangue, reduzindo também o hormônio insulina. Ela sinaliza ao corpo para minimizar a produção do hormônio do estresse (cortisol), além de ser rica em vitaminas do complexo B que protegem contra o dano causado nos neurônios. Durante momentos emocionais conturbados, o corpo usa nosso estoque de zinco, no qual a aveia é uma ótima fonte. Seu carboidrato complexo promove energia de prazer ao cérebro, diminuindo a ansiedade.

Banana

A banana é indicada como um dos alimentos contra ansiedade devido à presença de triptofano, um aminoácido precursor da serotonina.

Brócolis

Fonte de cálcio, vitamina K, potássio, vitamina C e sulfurafano, um poderoso antioxidante. O brócolis é um belo representante da família dos glicosinolatos, compostos para prevenção do câncer de intestino, de próstata e de mama. Além disso, é importante para o controle do estresse, uma vez que auxilia na regulação da pressão sanguínea e também tem propriedades anti-inflamatórias que ajudam no relaxamento dos músculos do coração.

Ostras

“Algumas pesquisas correlacionam o desequilíbrio entre cobre e zinco como um dos fatores desencadeadores de ansiedade. Esses minerais agem sobre o neurotransmissor ligado ao estresse. As ostras são alimentos bastante ricos nesses nutrientes, diminuindo os sintomas ansiosos”, explica a nutróloga.

Açafrão da Terra (cúrcuma)

Fonte de ferro, manganês, potássio e vitamina B6, a cúrcuma é um poderoso anti-inflamatório natural, tornando-se indispensável para combater o estresse.

Espinafre

Contém potássio, ácido fólico, magnésio, fosfato e vitaminas A, C e do complexo B. É eficaz no combate à depressão e garante o bom funcionamento do sistema nervoso.

Couve

É rica em vitamina A (ótima para a vista e para a pele), vitamina C, K e algumas do complexo B. Também é fonte de cálcio, oferecendo tanto quanto o leite; fósforo e ferro, minerais muito importantes para a formação e manutenção dos ossos e dentes. Além disso, contém bastante celulose, uma substância boa para o funcionamento do intestino.

Rúcula

Tem grande quantidade de vitaminas A e C, potássio, enxofre e ferro. Exerce uma função especial sobre o funcionamento do intestino, atuando como anti-inflamatório. Possui ainda cálcio e outros minerais como ferro, fósforo, potássio, sódio, manganês e magnésio.

Escarola

Rica em fibras, a raiz da escarola tem uma substância chamada inulina, de efeito probiótico, que estimula a produção de bactérias benéficas que vivem no trato intestinal. É ótima fonte das vitaminas antioxidantes C e E, de vitaminas B e de minerais como cálcio, potássio, fósforo e ferro. É rica também em carotenoides.

Grão-de-bico

Fonte de fibras, magnésio, potássio, ferro, cálcio e triptofano, ele também auxilia na produção de serotonina pelo corpo humano. “A substância é produzida principalmente com a ingestão de carboidratos, pois estimulam a passagem do triptofano, diminuindo a ansiedade e promovendo a sensação de bem-estar”, relata a nutricionista.

Iogurte natural

O triptofano é o ingrediente para formar o hormônio do prazer e bem-estar, a serotonina. O cromo diminui a vontade de comer doces, muito presente em pessoas estressadas e ansiosas. O fósforo auxilia na produção de energia pelas células, aumentando a disposição e diminuindo o cansaço. Os probióticos são bactérias do bem que ajudam o intestino a absorver melhor os nutrientes da alimentação, melhoram a imunidade e também auxiliam na produção do hormônio do bem-estar e da felicidade.

Jabuticaba

Possui vitaminas B1 e B2, ferro e sais minerais. O ferro combate a anemia, enquanto as vitaminas do complexo B atuam como antidepressivas.

Laranja

Fonte de vitamina C, flavonoides e cálcio, ela beneficia o funcionamento correto do sistema nervoso. Suas folhas têm propriedades calmantes, por isso também é indicada para pessoas que sofrem de insônia.

Maçã

A maçã é fonte de fibras e antioxidantes. As fibras são responsáveis pela sensação de saciedade, fazendo com que a pessoa coma menos. Já os antioxidantes preservam a saúde das células.

Maracujá

Rico em vitamina C, fibras, potássio e pectina, carboidrato de cadeia complexa que funciona como um espessante natural e dá a sensação de saciedade quando ingerido. Seu suco age como calmante e é indicado para quem sofre com insônia.

Mel

Considerado um calmante natural, o mel está na lista dos alimentos para ansiedade porque estimula a produção de serotonina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar.

Melancia

Sementes de abóbora

Contém triptofano, magnésio, proteínas e ômega 3, zinco e ferro. O triptofano auxilia na diminuição da ansiedade e na modulação do sono, promovendo um relaxamento. Já o magnésio potencializa o relaxamento, além de atuar nas enzimas do corpo contribuindo para gerar a sensação de tranquilidade. Por também conter ferro e proteínas, as sementes aumentam a disposição e a energia para o dia a dia.

Tomate

Presença garantida no prato de muitos brasileiros, o tomate está entre os alimentos para ansiedade pois contém diversos sais minerais como ferro, fósforo e manganês, além de vitaminas A, C e do complexo B, que agem como antidepressivos.

Coco

O TCM, uma das gorduras do coco, é responsável por diminuir a ansiedade por meio do controle hormonal. O potássio e o magnésio fazem a comunicação entre os neurônios responsáveis pelo pensamento e os neurônios motores, responsáveis pelos movimentos; dessa forma, melhoram a agilidade nas atividades, diminuindo a fadiga e o cansaço crônicos.

Carnes ou proteínas vegetais

Os diferentes tipos de carne auxiliam no funcionamento de todo o corpo, por conta da proteína. Ela está presente, por exemplo, nos nossos músculos, enzimas e hormônios. Na hora de combater a ansiedade, opte pelas carnes magras, pelos peixes e frutos do mar. No caso das vegetarianas e veganas, é importante consumir a quantidade proteica ideal diária da mesma forma, por meio de fontes vegetais como grão-de-bico, lentilha, soja, feijão e etc. Consulte um nutricionista ou nutrólogo!

Consultoria: Paula Castilho, nutricionista; Tamara Mazaracki, nutróloga e médica ortomolecular | Edição: Mariana Oliveira e Renata Rocha

Fonte: terra.com.br

Beber para lidar com emoções negativas não é a melhor alternativa para quem vive com o transtorno e pode ser muito perigoso

O Brasil é o país com a maior taxa de transtorno de ansiedade no mundo, com 9,3% da população vivendo com esta condição, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso representaria cerca de 18,6 milhões de brasileiros acometidos pela doença.

Importante: não se trata daquele tipo de ansiedade que nos mantém alertas para possíveis situações perigosas e que, além de saudável, é natural. Trata-se de um transtorno mental, no qual a ansiedade é exacerbada e gera sintomas como preocupação excessiva, dificuldade de concentração e problemas no sono. Em ambos os cenários, associar o uso de álcool é muito preocupante.

Beber para lidar com as emoções ou com a expectativa de aliviar ou reduzir a ansiedade é uma escolha perigosa. Já falamos por aqui que bebida não é remédio e beber com essa motivação é um sinal de alerta. Inclusive, pesquisas indicam que esse comportamento está associado a uma maior possibilidade de problemas atuais e futuros com o álcool.

Além dos quadros de ansiedade serem agravados com o uso abusivo de álcool, existe o risco de ocorrer uma mudança no padrão de consumo: para ter os mesmos efeitos de relaxamento, a pessoa passa a beber cada vez mais, aumentando as chances de desenvolver dependência. Outro aspecto a ser considerado nesses casos é o adiamento da busca por um profissional da saúde e de um tratamento, prolongando ou piorando o sofrimento.

Dependência de álcool e ansiedade

A ocorrência simultânea desses transtornos é mais frequente do que se imagina. Estimativas indicam que ela varia de 20% a 40% entre países. Isso quer dizer que, no mínimo, um em cada cinco pacientes com transtorno de ansiedade faz consumo nocivo de álcool. E o contrário também acontece.

Um número significativo de pessoas que têm problemas com o álcool também apresenta fortes problemas de ansiedade e humor. Estudos psiquiátricos e epidemiológicos mostram que ter um diagnóstico relacionado à ansiedade ou ao álcool aumenta o risco potencial de desenvolver o outro transtorno, ou seja, um pode levar à piora do outro.

Além disso, há também evidências de que a depressão e a ansiedade combinadas com o uso de álcool podem criar um ciclo, contribuindo para lapsos, recaídas e fissura, que é um desejo intenso pela substância.

Diagnóstico e sinais de alerta

A combinação do álcool com a ansiedade nunca é benéfica. Portanto, a prevenção e a identificação precoce são fundamentais, tanto para evitar os efeitos danosos para a saúde física e mental provocados pela ansiedade, como para a prevenção de comorbidades.

Como não há exames que permitam o diagnóstico conclusivo, a identificação do transtorno de ansiedade é feita a partir das queixas e da gravidade dos sintomas relatados pelo paciente.

Ao perceber mudanças de humor, dificuldade de manter o foco ou de dormir, preocupação excessiva, presença de sintomas físicos, como tremores, boca seca, tontura ou coração acelerado, procure um profissional da saúde. É possível lançar mão de medidas mais saudáveis para enfrentar os momentos difíceis e lidar com as emoções negativas.

Escrito por Arthur Guerra de Andrade
Psiquiatria – CRM 33807/SP
Por Especialistas – Em 7/12/2020

Fonte: minhavida.com.br

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