corona

* Por Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari

Era dezembro de 2019 e surgiam as primeiras notícias sobre uma pneumonia de causa desconhecida que se espalhou rapidamente na China. Vimos e ouvimos sobre o ocorrido sem nos alarmar para o verdadeiro desastre que ele causaria em âmbito mundial.

Coronafobia é classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental. 

Coronafobia é classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental. Dois meses depois, o assunto tomava maior proporção e a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciava que a COVID-19 causada por um tipo de coronavírus chamado SARS-CoV-2 se tratava de uma pandemia.

Em 10 meses, o mundo que conhecíamos até então mudou. E enquanto escrevo este artigo, são contabilizadas mais de 2,5 milhões de mortes em 192 países.  Mas para quem fica, além da dor que avassala aqueles que perderam parentes, amigos e colegas de trabalho, existe uma outra batalha que precisa ser driblada, e ela já tem nome: Coronafobia.

Mas, afinal, do que se trata o termo CORONAFOBIA e como se tornou nomenclatura oficial dos estados mentais relacionados às fobias?

Em um estudo recente publicado em dezembro de 2020 pela US National Library of Medicine que analisou 500 casos de ansiedade e depressão, verificou que todos eles estavam ligados à pandemia. 

A COVID-19 provoca na população um aumento de sentimentos como medo e ansiedade.  Sendo que o medo e a insegurança, por exemplo, são alguns dos sentimentos mais presentes por conta da imprevisibilidade do comportamento do vírus em cada pessoa atingida.  Mas não apenas isso. Estamos falando ainda da imprevisibilidade das questões socioeconômicas, da carreira e dos negócios. E todas as incertezas levaram a um aumento considerável dos transtornos psiquiátricos e emocionais desde que a pandemia começou e se tornou um evento traumático de proporções maiores do que os surtos de doenças anteriores dos últimos tempos.

Eventos traumáticos podem levar a fobias específicas, logo, o termo Coronafobia, criado ao final de 2020, trata-se de uma ansiedade grave causada pela condição pandêmica. É classificada como um medo extremo de contrair o vírus levando a sintomas excessivos de ordem física, psicológica e comportamental. 

Se um simples espirro ou tosse, por exemplo, suscitam uma preocupação irracional de ser COVID-19, isto pode estar relacionado à Coronafobia. Ou seja, é importante ficar atento para analisar se a ansiedade é desproporcional ao risco real prejudicando a qualidade de vida.

Alguns dos sintomas físicos são: palpitações, tremores, dificuldades para respirar e alterações de sono.  No âmbito emocional, os sintomas mais predominantes são tristeza, culpa, medo de perder o emprego ou medo de contaminar e levar ao óbito seus familiares.  Já entre os sintomas comportamentais mais frequentes estão o medo excessivo de encontrar pessoas, de tocar em superfícies, evitando locais públicos mesmo que sejam abertos, e ir repetidamente ao médico achando que está doente.

A preocupação com a saúde e a tomada de cuidados recomendadas pela OMS são altamente benéficos, mas, se houver uma preocupação irracional, levando a “comportamentos de controle”, como aferir a frequência cardíaca ou a temperatura muitas vezes ao dia, ou ir ao médico com frequência apenas para garantir que não está doente, pode ser sinal de que a ansiedade está fora de controle e é preciso procurar um profissional de saúde para diagnóstico e tratamento.

O Ministério da Saúde realizou uma pesquisa com 17.491 brasileiros com idade média de 38,3 anos, variando entre 18 e 92 anos, durante os meses de abril e maio de 2020, quando as mortes pelo novo coronavírus aumentaram. O levantamento revelou que 8 entre 10 brasileiros estavam sofrendo de algum transtorno de ansiedade.

Um outro estudo, que reuniu diversas universidades brasileiras, mostrou que o impacto negativo da pandemia na saúde mental da população brasileira evidenciou que os grupos mais afetados pela Coronafobia foram jovens mulheres, além de pessoas com diagnóstico prévio de algum distúrbio mental e dos grupos de alto risco para coronavírus.

Um dado que pode assustar é o fato de os jovens estarem presentes nos grupos mais afetados. Mas existe uma explicação possível: talvez, por terem de enfrentar a pausa nos estudos presenciais, o distanciamento físico de amigos, a falta de opções de lazer e entretenimento, e o medo de se tornar um transmissor da doença e assim, contaminar familiares pertencentes ao grupo de risco. Além disso, foi relatado também, nesse grupo, o início de problemas de sono durante a pandemia ou o agravamento desses quando preexistentes.

A pandemia por si só já nos assola com preocupações e sofrimentos reais. Mas, quando se está fora do controle, há como reverter esse cenário, portanto, para a Coronafobia, também chamada de “pandemia do medo” há tratamento, tanto cognitivo-comportamental, como por meio de medicamentos. Para quem busca qualidade de vida e prefere ter suporte da medicina alternativa, o uso de fitoterápicos, como a Passiflora incarnata associada a Crataegus rhipidophylla e Salix alba L, também pode ser um caminho. No entanto, qualquer um dos tratamentos acima deve ser prescrito por profissionais, que irão avaliar qual o tratamento de acordo com os sintomas e outros aspectos clínicos.

 

Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari é médica formada pela Universidade Federal de São Paulo, com Fellowship no Geriatric Medicine Program na University of Pennsylvania responsável pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma.

As doenças cardiovasculares têm sido apontadas como fatores de risco para complicações da Covid-19. Com o início da vacinação contra a doença, no mês de janeiro de 2021, idosos e profissionais de saúde estão sendo priorizados para a imunização. Em meio a dúvidas, uma das perguntas frequentes é se pessoas com doenças do coração devem se vacinar contra Covid-19. A afirmação é positiva, de acordo com Miguel Morita, diretor científico da Sociedade Paranaense de Cardiologia (SPC).

Pessoas com doenças cardíacas devem se vacinar contra Covid-19: ainda não há data para isso

As pessoas com doenças do coração, com doenças cardiovasculares, ainda não têm previsão de quando serão chamadas para a vacinação. Conforme o Plano Nacional de Imunização, em um primeiro momento serão vacinados os idosos em instituições de longa permanência, população indígena e profissionais de saúde. 

Em uma segunda fase, serão atendidos os idosos de maneira geral, começando com aqueles com idade superior a 80 anos; em seguida, os que têm entre 75 a 79 anos; até chegar aos 60 anos. Após esta etapa devem ser contemplados os trabalhadores de força de segurança e salvamento e a população de rua. Pessoas com comorbidades, incluindo aqueles com doenças do coração, seriam atendidos na sequência. Não existem datas definidas para as próximas fases do plano de imunização, pois tudo depende de produção e distribuição das doses.

Como vai funcionar a vacinação de pessoas com doenças do coração e outras comorbidades, segundo o Plano Estadual de Imunização, que segue as diretrizes do plano nacional. (Foto: Reprodução)

“As pessoas com doenças do coração, com doenças cardiovasculares, devem se vacinar contra Covid-19 com certeza. Isso deve acontecer no momento que for estipulado pelas autoridades governamentais, dentro da sequência estabelecida. Mas com certeza devem vacinar”, enfatiza Morita, que concedeu entrevista ao Saúde Debate no dia 22 de janeiro.

De acordo com ele, as pessoas com doenças do coração e demais doenças cardiovasculares são justamente aquelas com maior risco de apresentar quadros mais graves da Covid-19. “Um tipo de doença cardiovascular, que é a insuficiência cardíaca, aumenta muito o risco da forma grave da Covid-19. Um estudo recente americano mostra que uma em quatro pessoas que interna por Covid-19 e tem o histórico de insuficiência cardíaca morre durante a internação”, revela o diretor científico da Sociedade Paranaense de Cardiologia.

Leia mais: saudedebate.com.br

Fonte: Saúde Debate e Sociedade Paranaense de Cardiologia (SPC)

Até o momento, outros quatro imunizantes já trouxeram a público resultados da última fase de testes clínicos, com eficácia que varia entre 62% e 95%. Agora, anunciou-se que a Coronavac chegou a no mínimo 50% de eficiência – o mínimo estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para vacinas contra o novo coronavírus. Nessa hipótese, só uma a cada duas pessoas ficará protegida da doença ao receber a dose da vacina. A outra continuará suscetível ao novo coronavírus.

Cientistas explicam que nenhum imunizante é 100% eficiente. O grau de eficácia, no entanto, é importante para definir qual a cobertura vacinal será necessária para, de fato, frear a doença. No caso de eficácia mínima para a covid, mesmo se toda a população recebesse a dose, não haveria certeza de queda na transmissão do vírus. “O índice de 50% foi estabelecido porque há uma pandemia e os especialistas não acreditavam que se conseguiria tão rapidamente chegar a uma vacina eficaz”, afirma o médico imunologista Jorge Kalil, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor). “Mas é uma eficácia baixa, em tempo normais não seria utilizado como vacina.”

Para o cientista, um eventual resultado de 50% não daria “tranquilidade” para a população. “Continua sendo necessário manter os cuidados pessoais”, diz. “Ainda assim, a transmissão poderia ser crescente. É preciso saber, por exemplo, qual a eficiência em diferentes grupos etários. Em vacinas feitas com vírus inativado, como a Coronavac, frequentemente a eficácia diminui para pessoas maiores de 65 anos.”

Segundo Kalil, imunizantes tradicionalmente usados em campanhas de vacinação no País, como sarampo e febre amarela, apresentam eficácia superior a 95%. A exceção é a da gripe – produzida anualmente com os três tipos de vírus mais comuns em circulação. “Às vezes, essa baixa eficácia acontece porque há muita cepa da gripe circulando concomitantemente”, afirma. “Não é o caso do coronavírus que, até agora, não se conseguiu mostrar que as mutações genéticas têm impacto na imunização.”

Outra vacinas

Em novembro, a Pfizer e a BioNTech anunciaram a conclusão da fase 3 dos testes clínicos da vacina contra a covid. Segundo as empresas, o imunizante apresentou uma eficácia de 95% e não registraram efeitos colaterais graves. Com o resultado, ela já está sendo aplicada em países como Inglaterra e Estados Unidos. Diferentemente da Coronavac, a vacina BNT162 é feita com tecnologia de RNA mensageiro. Ela traz as informações genéticas específicas da proteína do vírus que pode desencadear a resposta imune no corpo.

Esse mesmo princípio foi usado também pela Moderna, que no mesmo mês relatou eficácia preliminar de 94,5%. Vacinas de RNA são consideradas de terceira geração, modernas e fáceis de fazer. A contrapartida é que a molécula de RNA é muito instável e precisa ser mantida em temperaturas extremamente frias, de – 70°C, o que torna um desafio a sua conservação em países de baixa renda.

Já a Sputnik V, do Centro de Epidemiologia e Microbiologia Nikolai Gamaleya, é aplicada na Rússia desde o início do mês. Segundo o governo russo, a eficácia seria de 91,4%. No Brasil, os governos estaduais do Paraná e da Bahia já firmaram contratos individuais com o instituto para a aquisição do imunizante.

Outra vacina com resultados conhecidos é a da Universidade de Oxford, desenvolvida em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, mas sobre a qual ainda pairam incertezas. Inicialmente, pesquisadores chegaram a divulgar eficácia de 90%. O resultado, contudo, seria apenas para um pequeno grupo de voluntários. No maior, o índice foi de 62%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Aceito Leia mais

Política de privacidade e cookies