PDRN: o que a ciência diz sobre o tratamento que promete regeneração da pele

Aplicado em clínicas estéticas como alternativa regenerativa, o polidesoxirribonucleotídeo, PDRN, tem base científica promissora, mas ainda carece de evidências robustas e consenso entre especialistas

O que é PDRN e como ele age

O PDRN faz parte de uma classe de moléculas de polinucleotídeos, fragmentos de DNA que, em teoria, podem estimular processos biológicos associados à regeneração tecidual. Estudos demonstram que esses fragmentos podem atuar como receptores celulares ligados à angiogênese, controle de fibroblastos e produção de colágeno, fatores que influenciam a renovação da pele e sua elasticidade.

Segundo uma revisão publicada em 2024, tratamentos com polinucleotídeos mostraram melhora na textura da pele, redução de rugas e maior hidratação em alguns pacientes, embora os resultados variem entre os estudos avaliados. Os autores destacam também a necessidade de mais pesquisas para estabelecer como e quando esses agentes devem ser usados.

PDRN é extraído do DNA de peixes

O que dizem os especialistas

O consenso entre médicos especializados é que, apesar do interesse crescente, o PDRN ainda não tem evidência clínica robusta suficiente para ser classificado como tratamento de primeira linha .

Smaragda Lampridou | Colégio Imperial de Londres. Foto Divulgação

Em revisão sistemática publicada no Journal of Cosmetic Dermatology , Smaragda Lampridou, pesquisadora do Imperial College London e uma das autoras da análise, aponta que injeções de polinucleotídeos mostraram resultados promissores em estudos pequenos, com redução de rugas e melhoria da textura da pele. No entanto, ela ressalta a qualidade limitada da evidência disponível e a necessidade de estudos maiores e controlados para confirmar eficácia e segurança definitiva.

Lampridou observa ainda que, apesar da tolerância geral ser boa, os protocolos variam significativamente entre clínicas e estudos. Essa heterogeneidade dificulta recomendações claras sobre dosagem, número de sessões e combinações ideais com outras terapias.

 

Evidências científicas e limitações

Revisões científicas recentes relatam que o efeito do PDRN pode estar ligado à ativação de receptores de adenosina A2A, ou que estimula mecanismos de regeneração celular e reduz a inflamação. Estudos clínicos e pré-clínicos sugerem melhorias em sinais de envelhecimento, cicatrização e até funções de barreira da pele.

Por outro lado, a maioria dos trabalhos disponíveis é de pequena escala, com amostras limitadas, protocolos variados e falta de grupos de controle sólido , o que impede amplas orientações sobre eficácia comparada a tratamentos consagrados ou mesmo placebo.

Riscos e recomendações

Os especialistas alertam que os tratamentos injetáveis ​​em estética devem ser realizados pelas pessoas envolvidas, com avaliação individualizada. Embora soluções adversas graves sejam raras nos estudos disponíveis, efeitos como intensidade local, sensibilidade e resposta imunológica são possíveis, especialmente quando não há padronização na preparação ou aplicação.

Além disso, pareceres de conselhos médicos no Brasil e em outros países defendem cautela na adoção ampla de procedimentos com PDRN fora de contextos clínicos investigativos devido à falta de diretrizes claras sobre segurança e eficácia em estética.

O PDRN representa um desenvolvimento interessante na interseção entre medicina regenerativa e estética. Estudos preliminares apontam benefícios potenciais na melhoria da textura, elasticidade e hidratação da pele, mas a evidência científica ainda é incipiente e heterogênea. Os especialistas reforçam que são necessários ensaios clínicos maiores e padronização de protocolos antes que o tratamento possa ser considerado uma opção comprovada e comprovada de rotina.

Enquanto isso, os pacientes específicos devem buscar orientação de dermatologistas com experiência em medicina estética e discutir benefícios esperados, riscos e alternativas comprovadas em vez de seguir modismos ou informações não verificadas nas redes sociais.

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