*Por Beny Schmidt
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge o cérebro, os nervos ópticos e a medula espinhal. O sistema imunológico ataca a camada protetora que envolve os neurônios, chamada mielina, e atrapalha o envio dos comandos do cérebro para o resto do corpo. Esse processo é chamado de desmielinização.

Cláudia Rodrigues foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2000 (Foto: Reprodução )
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Entre os fatores de risco da esclerose múltipla, existem alguns que são genéticos e que podem estar relacionados à causa da doença. Mas há fatores de risco que são ambientais, tais como infecções virais (herpesvírus ou retrovírus); exposição ao sol insuficiente, o que leva a ter níveis baixos de vitamina D por tempo prolongado; exposição a solventes orgânicos; tabagismo; obesidade.
A doença pode apresentar os mais diversos sintomas possíveis, porque as lesões desta patologia, conhecidas como placas e desmielinização, podem ocorrer em vários níveis da medula, do tronco cerebral ou do encéfalo. Portanto, dependendo do local onde essas placas são formadas, o sintoma pode se apresentar de formas diferentes.
As pessoas portadoras de Esclerose Múltipla podem ter:
- Dores locais: nos olhos
- Dores circunstanciais: com o movimento dos olhos ou nas costas ao acenar com a cabeça
- Nos músculos: dificuldade para caminhar, fraqueza muscular, incapacidade de mudar rapidamente os movimentos, músculos rígidos, problemas de coordenação, rigidez muscular, espasmos musculares ou reflexos hiperativos
- No corpo: fadiga, falta de equilíbrio, intolerância ao calor, tontura ou vertigem
- No trato urinário: desejo persistente de urinar, incontinência urinária, micção excessiva durante a noite ou retenção urinária
- Sensorial: formigamento, formigamento e queimação desconfortável ou redução na sensação de tato
- Na visão: perda de visão, visão dupla ou visão embaçada
- Na fala: dificuldade de fala ou fala arrastada
- No humor: ansiedade ou mudanças de humor
- No sexo: disfunção erétil ou disfunção sexual
Também é comum: constipação, dificuldade em engolir, dificuldade em pensar e compreender, dor de cabeça, dormência na língua, dormência no rosto, movimento rápido involuntário dos olhos, privação de sono ou tremor durante movimentos precisos
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Mas podemos dizer que os sintomas mais frequentes são alteração na marcha do ser humano e fraqueza muscular.
Em lugares muito frios, com pouca prevalência do sol, a esclerose múltipla é extremamente prevalente, com mais de 200 casos por 100 mil habitantes. No Brasil, estima-se 40.000 casos, uma incidência média de 15 casos por 100.000 habitantes, sendo a maioria jovens.
A população global do planeta de pacientes com esclerose múltipla é de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas, sendo mais frequente nos jovens entre 20 e 40 anos, principalmente mulheres.
Ainda não foi encontrada a cura para a doença, mas, além dos medicamentos utilizados para o controle, também podemos aderir a outros tratamentos para o controle e preservação da qualidade de vida do ser humano.
A inteligência neuromuscular atrelada à medicina humanista e interdisciplinar, centralizada no ser humano, é uma das opções de tratamento para a doença. Este tratamento conta com a união de diversos profissionais qualificados e de áreas complementares da saúde, atuando, juntos, na reabilitação de cada paciente de acordo com o histórico, a necessidade e a patologia. São especialistas nos ramos da psiquiatria, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, musicoterapia, educação física e terapia educacional.
*Dr. Beny Schmidt.Beny Schmidt é médico patologista neuromuscular, fundador do centro de reabilitação Brazilian Medical Partners e chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis pelo maior acervo de doenças musculares do mundo, com mais de 12 mil biópsias realizadas e 1 milhão de pacientes atendidos, e ajudou a localizar, dentro da célula muscular, a proteína indispensável para o bom funcionamento do músculo esquelético – a distrofina.